Pacaembu. Um dos palcos mais charmosos do futebol brasileiro receberá nos dois próximos domingos, às 16h, os confrontos entre Santo André e Santos que decidirá o Paulistão.

É lá, no estádio paulistano que o coração andreense vai bater mais forte, certamente como nunca pulsou em disputas estaduais. Os mais experientes, logo recordam as inesquecíveis finais da Segunda Divisão de 1981, quando o Ramalhão conquistou o primeiro acesso para a elite contra o XV de Piracicaba levando multidões ao Palestra Itália. Em três jogos, foram 56.261 torcedores, média de 18.753 por jogo, números jamais vistos em estádios paulistanos por clubes fora do grupo dos quatro grandes - Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos.

A definição aconteceu ontem, em reunião realizada na sede da FPF (Federação Paulista de Futebol) entre dirigentes da entidade e dos clubes. Apesar da intenção andreense de mandar o primeiro duelo em casa, houve um consenso com os santistas e a própria federação para que os confrontos fossem no mesmo local.

"O que a gostaríamos era jogar em Santo André, chegamos até a cogitar o Morumbi, mas como não foi possível e a federação definiu que os dois jogos seriam no mesmo local, vamos ao Pacaembu, sem problemas", comentou o presidente da Gestão Empresarial do Santo André, Ronan Maria Pinto, que esteve acompanhado do vice-presidente, Romualdo Magro Júnior, do diretor executivo, Carlos Arini, e do vice-presidente de futebol, Jairo Livolis. "Não houve injustiça com a nossa torcida. Ela tem de reconhecer que não temos condições de receber uma final", emendou Ronan.

O que também ficou definido na reunião foi o valor dos ingressos (que variam entre R$ 40 e R$ 120) e que a renda será dividida entre as equipes nos dois jogos. "A expectativa é arrecadar R$ 2 milhões nesses jogos", comentou o consultor de futebol do Santos, Fernando Silva, que representou o clube na reunião.

Jogar as duas partidas da decisão fora de casa não chega a preocupar o Santo André. A equipe mantém bom retrospecto quando o assunto é decisão, principalmente em estádios paulistanos. Historicamente, o Ramalhão não costuma derrapar. E não precisa ir muito longe para comprovar tais fatos.

Foi no próprio Pacaembu que o Santo André conquistou o título da Copa São Paulo de Juniores, contra o Palmeiras, nos pênaltis, em 2003. No ano seguinte, o Palestra Itália serviu de palco para dois jogos históricos da Copa do Brasil: 4 a 4 contra o Palmeiras - que garantiu a equipe nas semifinais - e os 2 a 2 diante do Flamengo no primeiro jogo da decisão.

Em 2005, disputando pela primeira vez a Taça Libertadores, o Santo André arrancou importante empate por 1 a 1 contra o Palmeiras, em pleno Palestra Itália - depois de ter vencido no primeiro turno em Santo André por 2 a 1.

Além disso, é preciso contar no currículo as vitórias sobre o São Paulo, por 2 a 0, no Paulistão de 2009, em pleno Morumbi e os 3 a 1 diante do Palmeiras, na 12ª rodada da fase de classificação da atual temporada estadual.

ARBITRAGEM - Será definido hoje o árbitro do primeiro jogo. Três nomes estão no sorteio: Paulo César de Oliveira, Wilson Luiz Seneme e Sálvio Spinola Fagundes Filho. "Não estou preocupado com arbitragem. Os três são experientes e sabem trabalhar. Vai dar tudo certo", comentou Ronan.

Torcida ‘vestirá' Paço de azul e branco

A partir de hoje a cidade literalmente se veste de azul e branco como forma de apoio ao Ramalhão na final do Campeonato Paulista. A Torcida Fúria Andreense e o próprio clube, em parceria com a Prefeitura, vão pendurar as tradicionais faixas verticais no prédio do Paço Municipal, e a organizada promete outras formas de fazer a festa durante a semana para comemorar domingo, no Pacaembu.

"Vamos colocar carros de som pela cidade, para divulgar o jogo e chamando o torcedor para ir ao estádio. Queremos levar domingo o bandeirão, faixas, baterias, bexigas, estamos providenciando dez mil bastões (de plástico) azuis e brancos, e veremos com a Polícia se eles liberam as fumaças e sinalizadores", disse o presidente da Fúria, Renato Ramos.

De acordo com o torcedor, a expectativa é ter o espaço destinado aos andreenses completamente lotado. "A torcida mostrou ontem (domingo) que está viva, e a meta é encher o nosso espaço."

Sobre a escolha do Pacaembu, Renato Ramos disse que foi a melhor opção. "Claro que preferíamos o Bruno Daniel, mas como estavam cogitando a Arena Barueri, o Pacaembu é melhor, tem acesso mais fácil" disse.

Sobre a possibilidade de a diretoria disponibilizar transporte aos torcedores, o torcedor disse que todo um esquema está sendo montado. "O presidente (da Gestão, Ronan Maria Pinto), colocou à disposição quantos ônibus precisarmos para que possamos fazer uma grande festa. Vamos definir de onde serão as saídas, mas deveremos distribuir. Alguns ônibus sairão do Bruno Daniel, outros do Paço, e todos se encontram na avenida do Estado", afirmou. "E o mais importante. Às famílias que quiserem ir, podem ficar tranquilas, porque não há rivalidade entre as torcidas. Será uma final de paz", concluiu. (Por Dérek Bittencourt)

Cúpula do Ramalhão promete novas ações

Com a decisão do Pacaembu como palco dos dois jogos da final do Campeonato Paulista, começaram ontem mesmo as buscas da diretoria do Santo André para promover a partida. "Estamos atrás de ações para esse primeiro jogo. A torcida (do Santo André) ficará no tobogã, que tem nove mil lugares, e queremos enchê-lo", comentou o vice-presidente da Gestão Empresarial andreense, Romualdo Magro Júnior.

Segundo o dirigente, não está descartada a hipótese de novamente trocar os ingressos por alimentos. "Vamos criar algo em cima do clima proporcionado para o jogo de ontem (domingo). Se não nos mesmo moldes, de outra forma, mas levando o maior número de torcedores ao Pacaembu", disse. "Vamos procurar a Prefeitura, os empresários da Região para algum tipo de ação."

Ainda não há um número exato, mas ônibus serão colocados à disposição dos torcedores, para o deslocamento desde o Grande ABC até o estádio. "Não podemos deixar o torcedor de lado, ainda mais depois da grande festa que fizeram", concluiu.

NÃO EMPOLGOU? - O movimento de torcedores vestidos com a camisa do Santo André, ontem, pela cidade, após a classificação da equipe à final do Paulista, não foi nada além do normal. No centro, a Oliveira Lima foi o único local onde foram vistos andreenses devidamente trajados. Mais exatamente três.

Decisão será pela 5ª vez entre times de fora da Capital

A final entre Santo André e Santos será a quinta na história entre duas equipes de fora da Capital. Até o fim da década de 1980, os confrontos sempre tiveram São Paulo, Palmeiras, Corinthians ou Portuguesa como finalistas. No entanto, em 1990, a história começou a mudar, com a decisão entre os surpreendentes Bragantino, de Vanderlei Luxemburgo, e Novorizontino, de Nelsinho Baptista - o título foi para o time de Bragança Paulista.

Mais uma década se passou e o fato só se repetiu em 2002, quando Ituano e União São João duelaram, numa edição do Paulistão que não contou com os quatro grandes do Estado. O Galo de Itu foi o campeão e depois enfrentou o São Paulo, no Supercampeonato Paulista, vencido pelo Tricolor.

Dois anos depois, em 2004, o São Caetano enfrentou o Paulista de Jundiaí e conquistou a taça, na segunda - e por enquanto únicas - final caipira do Paulistão. O palco da final foi justamente o Pacaembu, que a partir de domingo recebe o confronto entre Ramalhão e Peixe.

E em 2007, assim como acontecerá neste ano, um duelo entre Baixada Santista x Grande ABC definiu o título. Santos e São Caetano duelaram e o troféu desceu a serra com os comandados de Luxemburgo, frustrando o bicampeonato são-caetanense. (Por Dérek Bittencourt)