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Bancos de alimentos
descartam 30% das
doações por mês

Produtos impróprios para consumo somam 25 toneladas em
São Bernardo e Diadema; maioria é do grupo dos hortifrúti

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
25/08/2012 | 07:00
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Os bancos de alimentos de São Bernardo e Diadema, juntos, descartam mensalmente 30% dos produtos que arrecadam em suas sedes. A maioria dos mantimentos não aproveitados é do grupo dos hortifrúti, como verduras, legumes e frutas. O montante soma 25,5 toneladas, do total de 85 arrecadadas. Santo André, que tem a terceira unidade da região, não enviou dados.

Ontem, o Diário visitou as instalações do Banco de Alimentos de São Bernardo, localizado na Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania), no Centro. Por lá, nenhum produto é armazenado. "Tudo o que chega (por meio de doações) é distribuído no mesmo dia. Esse é nosso lema", explica a nutricionista Luciana Maria da Silva. A meta é dobrar a arrecadação mensal de 15 toneladas em um ano. Além de hortifrúti, são entregues alimentos secos, como arroz, feijão, macarrão, açúcar e sal, com validade de até um mês.

Quando chegam as doações de supermercados ou da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), sete funcionários fazem a triagem dos itens, com inspeção das datas de validade. Aqueles que podem ser consumidos são pesados e separados dos demais. Funcionários do banco entram em contato com alguma das 72 entidades credenciadas e os mantimentos são retirados pelas próprias instituições, no mesmo dia. Podem ser escolas, igrejas, creches ou entidades que têm vínculos sociais.

Quando não há tempo hábil para entrega imediata, os alimentos são alocados em câmaras refrigeradas e dispensados no próximo dia. O banco ainda não realiza distribuição às famílias cadastradas em comunidades carentes. A expectativa é que o planejamento se concretize em 2013.

Na cidade vizinha de Diadema o esquema é semelhante. A unidade de São Bernardo completará um ano em dezembro e a de Diadema está em funcionamento desde 2003. Trinta funcionários são responsáveis pela triagem, que são divididos conforme a necessidade da entidade beneficiada. Por mês, 21 das 70 toneladas arrecadadas vão para o lixo. A seleção diária dos produtos também visa a entrega no mesmo dia.

De acordo com a nutricionista do banco, Elaine Marques Barbosa, a preocupação vai além de controlar a qualidade dos alimentos. "Realizamos cursos, palestras e reuniões mensais que discutem a reeducação alimentar em todas as entidades beneficiadas", explica.

Atualmente, os dois bancos beneficiam cerca de 32 mil pessoas. A triagem e distribuição de produtos perecíveis de origem animal, como a carne, não são realizadas pelas unidades. São Bernardo planeja adotar a medida até o ano que vem, quando adquirir veículo adaptado com câmara refrigerada para fazer o transporte.

DENÚNCIA

Anteontem, no Núcleo dos Ciganos, no bairro Utinga, em Santo André, o Banco de Alimentos da Prefeitura de Santo André entregou carne vencida aos moradores. A data de validade do rótulo da peça de acém era do dia 21. A distribuição foi feita à família da dona de casa Luzia Maria de Souza, 40 anos, que havia retirado o produto na mesma tarde. O Diário teve acesso ao rótulo e confirmou a denúncia. Outros moradores receberam a mesma peça da carne bovina, mas com validade que venceria em um ou dois dias. Itens como biscoitos, legumes e artigos de higiene pessoal também foram doados na comunidade, que recebe os produtos há cerca de dois meses.

A maioria da população demonstrou ter medo de perder o benefício e, por isso, tentou minimizar a falha, assim como a supervisora do banco que estava no local.




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