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Aberta temporada de furto a casas
Por Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
21/12/2005 | 08:20
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Furtos a residências aumentam nas cinco maiores cidades da região durante as festas de fim de ano. Embora o número de casos não seja revelado, por determinação da Secretaria de Estado da Segurança Pública, levantamento da Polícia Militar aponta tendência de crescimento nas invasões de casas seguidas de furto entre dezembro e janeiro em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Diadema. Bairros residenciais de classe média, horizontais, com alguma concentração comercial, são os locais preferidos dos criminosos nos fins de semana, feriados e férias. Quando acaba o período de festas, os gatunos voltam a agir predominantemente em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, cidades com grande número de chácaras.

“Os furtos acontecem principalmente em bairros de renda média, enquanto as pessoas estão fora de casa, e aumentam na época das viagens”, afirma Túlio Kahn, diretor da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento) da Secretaria de Estado da Segurança Pública. O bairro Jordanópolis, em São Bernardo, tem justamente o perfil que atrai esse tipo de criminoso.”Outro dia arrombaram meu portão. Aí eu gritei e fugiram. Tentaram entrar outras vezes. Agora, enchi o portão de cadeados. E quando vou viajar conto com a colaboração dos vizinhos para olhar a casa”, afirma o supervisor de marketing Wagner Barbosa Lima, 26 anos, morador do Jordanópolis.

Estudo da CAP revela que furtos são menores em regiões onde o poder aquisitivo é muito alto. Isso porque se investe tanto em segurança eletrônica quanto em mão-de-obra física nesses locais. A tecnologia que inibe furtos, no entanto, tende a se democratizar com o relativo barateamento de equipamentos de segurança eletrônica.

Ladrões – Para o diretor de tecnologia da empresa de segurança Fort Knox, Edgard Leite, existem dois tipos de ladrões de residências. “Um é o criminoso focado, o cara que tem um objetivo, que planeja ação, escolhe um alvo, faz uma pesquisa. Tem também o crime de oportunidade, que é a maioria e geralmente é cometido por jovens, sob influência de drogas ou álcool”, afirma Leite.

O ladrão especializado, ao estilo do lendário italiano Amleto Gino Meneghetti, expert no roubo de mansões em São Paulo a partir da década de 1920, está em extinção. “O assalto (subtração de bens com grave ameaça), em termos práticos, é mais fácil em ações visando altos ganhos. Isso porque o criminoso não precisa romper obstáculo, a vítima faz isso por ele (ao abrir o portão ou sacar o dinheiro do caixa eletrônico, por exemplo).”, afirma o tenente da PM Vlamir Luz Machado, responsável pela Seção de Assuntos Civis do CPA/M-6 (Comando do Policiamento de Área  Metropolitano por Área - 6).

Tecnologia – Câmeras, sensores, alarmes, portas com senhas. Antes restritos apenas àqueles com grande poder aquisitivo, os equipamentos de segurança cada vez mais passam a fazer parte do cotidiano das famílias da chamada classe média. Hoje, é possível ter alarmes infravermelhos e monitoramento permanente por menos de R$ 100 por mês. Opções mais simples e baratas – como cercas elétricas, portões automáticos, timers (para acender e apagar as luzes em horários programados) – também são eficazes para inibir os ladrões, segundo especialistas.

Para quem está disposto a investir mais na blindagem de sua residência, há circuitos de câmeras que podem ser acessados via internet. É o DVR. Com este equipamento, é possível vigiar a própria casa, a qualquer momento, de qualquer lugar. Basta ter um computador com acesso à web por perto. Por questão de privacidade, apenas quando o alarme é acionado as imagens da residência podem ser vistas da central de atendimento. “Desse modo, podemos até mesmo orientar a polícia, em caso de assalto, por exemplo”, afirma o diretor de tecnologia da empresa de segurança Fort Knox, Edgard Leite. Segundo ele, a vantagem de se usar as câmeras é o baixo índice de alarmes falsos. Um pacote básico, com quatro câmeras, custa a partir de R$ 150.

Internet – A internet ainda possibilita que os moradores abram portas, janelas, acendam luzes de qualquer lugar do mundo. “Já conseguimos evitar assaltos e furtos por meio desse sistema”, conta Cléber Dantas, da área de desenvolvimento de projetos da empresa de segurança eletrônica Smart Service.

Marli Gonçalves de Abreu, 45 anos, afirma que já foi salva pelo sistema de monitoramento. “Eu estava chegando de manhã para trabalhar e chegou um pessoal meio esquisitão. Digitei a senha de coação e me socorreram”, relata. Nas casas onde há sensores, os moradores têm de digitar uma senha em um terminal para desativar o alarme. “Caso esteja em apuros, o cliente digita a senha de coação, que desativa o sistema, mas também alerta a central de monitoramento”, afirma Cléber Dantas.

Especialistas afirmam que, apesar da eficácia dos mecanismos durante as ocorrências, a principal função deles é inibir os criminosos. “A gente costuma dizer que o papel principal das empresas de segurança é fazer com que o cliente não seja escolhido como alvo”, afirma Edgard Leita, da Fort Knox.

A Polícia Civil aprova as medidas de segurança. “Isso facilita nosso trabalho e inibe o criminoso. Quanto mais recursos eletrônicos, melhor”, afirma o delegado seccional de Santo André, Luiz Alberto Ferreira de Souza. Ele lembra, no entanto, que é possível evitar furtos sem gastar nenhum tostão. Ações como não deixar jornais acumulando quando se está viajando, pedir para vizinhos recolherem as correspondências e ter uma casa bem iluminada podem ser fundamentais na escolha do ladrão entre a sua casa e a do vizinho.

Seguranças – Arcar sozinho com a contratação de seguranças patrimoniais costuma sair caro. Este tipo de mão-de-obra é mais indicada para condomínios ou bairros em que toda a vizinhança esteja disposta a colaborar. É o que ocorre no Parque Espacial, em São Bernardo. Uma equipe de seguranças, munidos de motocicletas e com apoio de câmeras de monitoramento, dá aos moradores tranqüilidade raramente vista no resto da cidade. Verdadeiras mansões sequer têm portões. E quando têm muitos deles ficam abertos.

Os moradores do bairro – povoado por delegados, juízes, promotores, empresários etc – afirmam que não se lembram de ocorrências policiais nas redondezas. “A segurança aqui realmente é muito boa. O fundamental é o elemento humano, bem treinado”, afirma o delegado Rafael Rabinovici, 55 anos, morador do bairro.

Técnicos em segurança patrimonial ressaltam a importância de que os seguranças sejam qualificados. Caso contrário, quem deveria proteger pode até mesmo ajudar os criminosos. “Uma empresa de segurança, quando atua na parte de vigilância, só pode funcionar se tiver autorização da Polícia Federal.

Hoje há estimativas de que no Estado exista duas vezes mais empresas não autorizadas do que regulares”, afirma Edgard Leite, da Fort Knox. O custo de um segurança patrimonial costuma variar entre R$ 8 e R$ 10 por hora. Empresas costumam fazer uma análise de risco sobre o cliente.

Cuidados para evitar furtos

- Suspenda temporariamente ou transfira o endereço da entrega de jornais e revistas.

- Solicite que vizinhos recolham a correspondência.

- Não deixe a luz acesa. Essa tática é conhecida pelos criminosos e a luz acesa durante o dia denuncia que não tem ninguém em casa. O ideal é instalar um timer que acenda a luz ou apague em horários diferentes durante o período em que se estiver fora.

- Não saia por aí alardeando que vai viajar.

- Quanto mais equipamentos de segurança, melhor. Especialistas apontam que quanto mais dispositivos a casa tiver maior a possibilidade de que o ladrão escolha outra casa para roubar.

- Em condomínios, não deixe a chave na portaria.

- Não permita que a caixa postal fique cheia. Peça para alguém anotar os recados ou transfira as ligações para outro número.

- E mais: não deixe recados dizendo que você foi viajar para aquele “lugar lindo, maravilhoso”.




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