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Marco Aurélio Cunha abre o jogo e remexe nos porões do futebol
Por Nelson Cilo
Do Diário do Grande ABC
17/06/2007 | 07:03
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O superintendente do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, 53 anos, não é apenas uma das maiores referências da Medicina Esportiva contemporânea. O polêmico doutor ainda não engavetou os bisturis, mas um dia resolveu encarar outro desafio na carreira. Resumo da ópera: de repente, surgiu um dos mais ousados dirigentes do circuito. Bastaria conferir as importantes conquistas de um personagem vencedor no São Paulo, Bragantino, Guarani, Juventude, Santos, Figueirense, futebol japonês...

Apesar de tanta pose nas TVs, nas emissoras de rádio ou nas páginas dos jornais, Marco Aurélio não coloca – de jeito nenhum – a carapuça reservada aos cartolas que bagunçam os bastidores de alguns clubes. Segundo ele, não se trata de um barulho fingido, mas de uma postura sincera de quem se define como um “homem-verdade”. “Sou assim. Não sei mentir”, jura Marco Aurélio, que prega respeito à imprensa, mas, se necessário, topa um bate-boca em defesa dos jogadores criticados de uma forma exagerada na mídia, como Diego Lugano, a quem chamaram de “assassino” da zaga nos tempos em que o valente uruguaio batia mais forte.

Marco Aurélio atribui a fase instável do São Paulo à inevitável transição aplicada àqueles que não resistem às milionárias propostas internacionais. Sem falar de Kaká, lembra que saíram estrelas do tamanho do valente Diego Lugano, além de Luís Fabiano, Mineiro ...

“Não vejo como se possa escapar disso. É a concorrência desigual que o mercado europeu nos impõe”, constata. Ele não poupa nem o corintiano Roque Citadini, “que representa não se sabe quem na frente das câmeras”. Entende que o presidente Alberto Dualib chegou ao fim da linha. E as brigas de Serginho nos vestiários? Na entrevista exclusiva concedida ao Diário, Marco Aurélio expõe muitas confidências capazes de balançar o coreto. Agora, veja os principais trechos.

DIÁRIO – De médico a dirigente do São Paulo. Como tudo começou, doutor?
MARCO AURÉLIO CUNHA – Iniciei a minha carreira como estagiário de José Carlos Ricci (falecido). Isso em 1977. Foram seis anos de trabalho até que o Carlos Miguel (Aidar, ex-presidente do São Paulo) me chamasse para assumir o departamento médico do clube. Diria que a Medicina Esportiva era muito comportada.

DIÁRIO – Algo, digamos...
MARCO AURÉLIO – Uma coisa meio... Era como se falássemos de Astrologia, sei lá. O Ricci era um sujeito respeitado e competente, mas viriam novos tempos. Me envolvi nas mudanças e nos avanços mais importantes de nossa área.

DIÁRIO – É de lá que surgiu o seu aprendizado como futuro dirigente do São Paulo?
MARCO AURÉLIO – Exato. Vi que a maioria (da cartolagem) era de chegar às 6 da tarde para dar palpites no fim do dia. Ninguém sabia o que falava. O improviso é uma coisa errada na gestão do nosso futebol.

DIÁRIO – O sr. gosta de cutucar o Corinthians, não é?
MARCO AURÉLIO – No futebol, você cutuca só quem é forte. O presidente Alberto Dualib chegou ao fim da linha. O Corinthians é como se fosse um cavalo de raça. Então, você precisa de força para puxar a rédea e controlá-lo. Do contrário...

DIÁRIO – Já o Citadini....
MARCO AURÉLIO – Ele (Citadini, ex-vice do Corinthians) representa um personagem não se sabe de quem.

DIÁRIO – O sr. também é de polemizar nas entrevistas...
MARCO AURÉLIO – Mas sou autêntico. Não represento. Só falo as verdades. Não sei mentir. Sou assim.

DIÁRIO – Como vê o Marcelinho no Santo André?
MARCO AURÉLIO – Não aprovo isso de usar o item marketing do atleta. Mas, mesmo que ele não atue como antes, será fundamental pelo talento que tem.

DIÁRIO – E o São Paulo?
MARCO AURÉLIO – Perdemos as nossas maiores referências. Nem falo de Kaká, mas daqueles que foram embora depois dele: Luís Fabiano, Diego Lugano, Mineiro... O Lugano deixou uma lacuna imensa.

DIÁRIO – Enfim, o time parece bem enfraquecido?
MARCO AURÉLIO – Vivemos uma fase de transição. Quem é que sobrou entre os mais experientes? O Rogério Ceni, o Josué, o Aloísio, o Alex Silva...

DIÁRIO – Uma confidência dos bastidores que o sr. nunca revelou à imprensa...
MARCO AURÉLIO – Ah, tem uma engraçada. O Serginho (Chulapa) acabava de tomar o cartão vermelho e sumiu pro vestiário. Urrava como uma fera. Nosso psicólogo falou: ‘vou lá pra acalmá-lo’. Aconselhei: ‘não vá’. O doutor não me ouviu. De repente, voltou na disparada. Ele contou que o Chulapa gritava e prometia quebrar a cabeça do primeiro que aparecesse. Esmagaria como se fosse um coco...




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