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Saúde a bordo
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
06/05/2010 | 07:00
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A arquiteta Luciana Alves, 34 anos, de São Bernardo, passou seis meses do ano passado planejando os passeios que faria durante a lua de mel em Fernando de Noronha. Uma infecção intestinal no terceiro dia da viagem, quando ainda estava em Recife, no entanto, atrapalhou boa parte dos planos do casal em solo pernambucano. "Tive de ficar de molho no hospital, tomando soro, e acabamos perdendo o avião até a ilha." Casos como o de Luciana são mais comuns do que se imagina, e poderiam ser facilmente evitados com algumas medidas preventivas fundamentadas em estudos que apontam as doenças que mais acometem turistas conforme o sexo e a localidade. Sim, homens e mulheres também são diferentes no que diz respeito à saúde em viagens.

De acordo com dados da pesquisa Doenças de Viajantes: Diferenças por Sexo e Gênero, publicada em março pela revista Clinical Infectious Diseases, órgão oficial da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, mulheres são mais suscetíveis a contrair infecções intestinais e urinárias, além do estresse psicológico. Já entre homens, prevalecem as moléstias transmitidas por mosquitos e outros animais, hepatites virais e doenças sexualmente transmissíveis.

Os autores do estudo explicam essas diferenças de gênero cruzando dados de comportamento, metabolismo, suscetibilidade a doenças infecciosas e resposta a vacinas e medicamentos.

O risco de uma mulher ter infecção urinária, por exemplo, é quatro vezes maior que o de um homem. Entre as justificativas estão a própria anatomia feminina e o costume de postergar a ida ao banheiro por um período prolongado, seja para aproveitar ao máximo o passeio ou para evitar o uso de um sanitário público.

Por outro lado, turistas do sexo masculino mostram-se mais sujeitos a doenças sexualmente transmissíveis porque fazem mais sexo fora de casa do que elas. Estudo britânico indica que 13,9% dos homens e 7,1% das mulheres têm novos parceiros sexuais quando estão no Exterior - proporção que aumenta para 23% e 17%, respectivamente, em turistas solteiros com idade entre 16 e 24 anos.

Encabeçado pela suíça Patrícia Schlagenhauf, do Centro de Medicina de Viagem da Universidade de Zurique, o trabalho é o mais amplo já realizado sobre o tema: engloba informações de 58.908 viajantes, compiladas durante dez anos por 44 centros de vigilância epidemiológica em 16 países de todos os continentes. O centros integram a rede GeoSentinel que, desde 1995, funciona em parceria com a Sociedade Internacional de Medicina de Viagem.

Para a médica Rosana Richtmann, vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, o trabalho sinaliza que o especialista em Medicina de Viagem deverá também levar em consideração o gênero do paciente antes de prescrever os cuidados para a prevenção das doenças.

Normalmente, os critérios mais usados para esta prescrição são estado de saúde do paciente, destino, duração da estadia e tipo de viagem. "No meu consultório, eu já indico um kit anti-infecção urinária para as mulheres. Agora vou acrescentar as vacinas contra diarreia de viajantes e febre tifoide para minhas pacientes a fim de evitar problemas intestinais. Para os homens vou ressaltar a importância da vacinação contra febre amarela e contra as hepatites A e B."

Dados da OMT (Organização Mundial do Turismo), por sua vez, indicam que a maior parte das enfermidades ocorridas em viagens é autolimitada - ou seja, se cura sozinha - e apenas 8% dos turistas que passam mal precisam de ajuda médica para restabelecer a saúde.

AVIÃO - Outras estatísticas apontam que ataques cardíacos durante viagens de avião matam mais do que os desastres aéreos propriamente ditos. De acordo com dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), cerca de 4 bilhões de pessoas viajam por ano no mundo todo, com incidência de aproximadamente 3.000 ocorrências graves de saúde a bordo - 60% delas decorrentes de ataques cardíacos. Já os cerca de 60 acidentes aéreos registrados no ano passado resultaram em 750 mortes.

Entre os fatores que contribuem para o elevado número de ataques do coração dentro de aeronaves estão a baixa pressão do ar dentro das cabines (que também ocasiona problemas de tímpano, rompimento de suturas e náuseas por dilatação do estômago e do intestino); a baixa umidade do ar, que pode desencadear crises de asma e bronquite; e a queda de oxigênio no sangue, que aumenta os riscos de isquemias, paradas cardíacas, além das sensações de falta de ar, desconforto e cansaço durante voos mais longos.




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