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Tempos e costumes

Dúvida cruel, diante dos últimos (e penúltimos) acontecimentos:

Carlos Brickmann
05/02/2012 | 00:00
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Dúvida cruel, diante dos últimos (e penúltimos) acontecimentos:

1 - Nunca se roubou tanto no País quanto agora?

2 - Nunca se investigou tanto no País quanto agora e por isso aparecem mais malfeitos?

3 - Perdeu-se de vez a vergonha e tudo se faz às claras?

Resposta correta: as três, mas principalmente as duas últimas. Hoje, as investigações não são feitas apenas pela polícia, mas também por particulares, munidos de equipamentos de uso geral e baixo custo. E, como se perdeu a vergonha, tudo fica muito exposto. O gatuno expõe seus pedidos como se estivesse fazendo propostas comerciais absolutamente legítimas. E, claro, há o item 1: muita gente, vendo como é fácil botar a mão em dinheiro público, resolveu pegar sua parte.

O mais impressionante, entretanto, é a banalização do absurdo. No momento em que o País precisa economizar, aparecem figurões que já ganham bem e pedem equiparações, aumentos, vantagens. E ainda furam a fila: há gente que espera anos para receber precatórios alimentares que deveriam ser pagos rapidamente, mas para as Excelências o dinheiro aparece na hora - um desembargador, por exemplo, recebeu adiantado porque teve problemas no apartamento.

Ilegal? Não, não é ilegal - mas é frustrante ver que não há dinheiro para reajuste aos aposentados, embora haja para auxílio-moradia a autoridades que vivem na cidade onde trabalham.

Não é ilegal, mas é injusto. É o decoro zero.

A CONTA DA MOEDA

De um lado, a incrível história dos casos mal-explicados do diretor da Casa da Moeda, que o levou à demissão; de outro, a incrível história do ministro da Fazenda, que foi alertado para as coisas estranhas que aconteciam na Casa da Moeda e ficou quietinho. E, por trás, o PMDB, que não tem nada com isso mas precisa resolver algumas pendências com a Presidência da República.

Se quiser salvar o ministro Mantega, cuja cintura ultraflexível é o que ela exige no cargo, a presidente Dilma vai ter de contar com a ajuda do PMDB. Os peemedebistas são bonzinhos e gostam de ajudar os outros, mas gostam de ser ajudados em troca.

AS PEDRAS NO CAMINHO

Aliás, o problema não é só Mantega. O novo ministro das Cidades já está sendo chamado de Mate Leão - cujo antigo slogan era "já vem queimado". O ministro Fernando Pimentel pode ser chamado ao Congresso para explicar suas consultorias. Até o sócio de Pimentel, Otílio Prado, está na lista de convocações.

E, se forem todos chamados (só o PMDB pode evitá-lo), talvez haja problemas.

ONDE ESTÁ JAQUES?

O governador fluminense Sérgio Cabral, PMDB, fez escola: seu colega baiano Jaques Wagner, PT, aprendeu que basta haver algum problema que cai fora do País. A PM em greve, policiais militares bloqueando ruas de Salvador com ônibus (antes, invadiam os veículos e determinavam a saída dos passageiros), e Jaques Wagner estava na Disneylândia da esquerda, babando ovos e chorando lágrimas de esguicho diante de seus heróis juvenis, os irmãos Castro. Voltou na hora para reassumir? Imagine!

E perderia o jantar com Fidel, no último dia?

QUESTÃO DE PRUDÊNCIA

A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, não estava na comitiva da presidente Dilma Rousseff que visitou Cuba. Nada a estranhar: o comandante da Marinha também não estaria numa comitiva que visitasse a Suíça.

ANTECIPANDO-SE

Ainda não tiraram petróleo do pré-sal, mas já o deixaram vazar.

O PETISTA TUCANANTE

O ainda presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli (fica no cargo até o dia 13), é petista de coração e tucano de linguagem. Segundo ele, não houve vazamento. "Houve uma ruptura da tubulação que liga o poço à superfície, e as causas primárias não foram identificadas, levam algum tempo." Garantiu que os sistemas de prevenção e contenção "funcionaram perfeitamente."

Pronto: os 26 mil litros de petróleo não vazaram, apenas resolveram cobrir 70 quilômetros de área do mar.

HERMANOS, PERO NO MUCHO

O motivo da ruptura do acordo automotivo com o México, pelo qual os carros de ambos os países estão livres do imposto de importação, nada tem a ver com índices de nacionalização da produção. O fato é que o deficit brasileiro nas trocas de carros com o México subiu 160%, para US$ 1,6 bilhão. A indústria automobilística brasileira perdeu competitividade (e este é o problema grave): mesmo com as vantagens tarifárias, as exportações de nossos carros para o México caíram de US$ 600 milhões em 2010 para US$ 400 milhões em 2011.

OS NOMES DO JOGO

Ninguém sabe direito como vai evoluir a disputa pela Prefeitura paulistana. Mas uma coisa é certa: se o prefeito Kassab fechar com o petista Haddad, seu candidato a vice não será o secretário da Educação, Alexandre Schneider. Dois nomes da mesma área dispersariam votos.

Kassab tem dois nomes para vice: Henrique Meirelles, ex-Banco Central, e a vice-prefeita Alda Marco Antônio.




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