Política Titulo Improbidade
Prefeito de Rio Grande da Serra é cassado pela 2ª vez em 24 horas

Após perder mandato por improbidade na sexta-feira, Claudinho da Geladeira foi considerado, ontem, culpado por permitir fura-fila da vacina

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
03/07/2022 | 00:01
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A Câmara de Rio Grande da Serra cassou ontem, pela segunda vez em pouco mais de 24 horas, o mandato do prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB). Por 9 votos a 4 o tucano foi condenado à perda do mandato por ter permitido que funcionária comissionada furasse a fila de vacinação contra a Covid-19 em 2021. A defesa do ex-chefe do Executivo anunciou a intenção de ir à Justiça para reaver a cadeira.

Os vereadores entenderam que Claudinho deve ser responsabilizado por ter permitido que Silvia Maria Rodrigues da Silva, chefe de setor da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, fosse imunizada contra o novo coronavírus em 22 de janeiro, apenas cinco dias após o início nacional da campanha de vacinação, quando apenas funcionários da saúde tinham autorização para tomar as poucas doses de Coronavac então disponíveis.

O vereador oposicionista Claudinho Monteiro (PTC) foi o autor das denúncias do fura-fila da vacina. A leitura do relatório final da CPI, com cerca de 600 páginas, varou a madrugada e só terminou na manhã de ontem. Vereadores se alternaram na tarefa, iniciada às 13h de sexta-feira.

Cientes de que sofreriam nova derrota, assim como ocorrera no primeiro processo, os advogados de Claudinho sequer apareceram para apresentar a defesa – eles teriam, por força regimental, duas horas para refutar as acusações.

Dessa forma, após mais de 20 horas de sessão, os vereadores procederam a votação do pedido de impeachment, repetindo o placar anterior. Assim como ocorreu na sexta-feira, coube ao presidente da Câmara, Charles Fumagalli (PTB), irmão da prefeita Penha Fumagalli (PTB), proferir a segunda cassação do tucano.

Na sexta-feira, Claudinho da Geladeira já havia se tornado o primeiro prefeito a ser cassado na história de Rio Grande da Serra. Ele foi apeado do poder por, segundo CPI instaurada pela Câmara, cometer improbidade administrativa ao ignorar pedidos de informação oficiais protocolados pelos vereadores.

No decorrer das investigações relacionadas, o secretário de Governo, Admir Ferro – indicado pelo prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) – foi flagrado oferecendo dinheiro para uma testemunha mudar o depoimento, de modo a salvar Claudinho da Geladeira.

O Diário não conseguiu falar ontem com a defesa do prefeito cassado. Na sexta-feira, o advogado Carlos Callado argumentou que seu cliente foi prejudicado porque não teve acesso aos documentos que serviram de base para a denúncia. Ele havia manifestado a intenção de recorrer à Justiça para anular a sessão da Câmara.

Penha Fumagalli (PTB), eleita vice na chapa de Claudinho da Geladeira, ocupa o cargo de prefeita de Rio Grande da Serra desde sexta-feira. Na primeira entrevista que concedeu ao jornal após assumir o posto, ela prometeu mudar o secretariado, com exceção de Walter Cordoni (Saúde), e disse estar disposta a lutar nos tribunais para se manter na cadeira. “Se ele (o antigo aliado) pode recorrer da decisão, nós também recorreremos.”




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