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Bicicletas se tornam instrumento de trabalho na região

Ciclistas pedalam até 100 quilômetros por dia para realizar entregas de documentos, alimentos e compras feitas pelo comércio eletrônico

Por Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
28/07/2019 | 07:29
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Claudinei Plaza/DGABC


O desemprego e a paixão pela bicicleta motivaram o morador de São Bernardo Felipe Luksys, 19 anos, a ingressar em mercado de trabalho que vem se expandindo nos últimos anos, o serviço de entregas por meio das bikes. Para ingressar na carreira, em 2018, ele revela que teve de superar, na época, a falta de preparo físico, tendo em vista a necessidade de pedalar por distâncias de até 100 quilômetros por dia para cumprir as tarefas. Hoje, totalmente adaptado à rotina, o biker (ciclista urbano) se considera privilegiado por atuar com o que gosta.

“Consegui unir o útil ao agradável com essa oportunidade. Sempre tive gosto por pedalar, então adoro o que faço”, comenta Luksys, que começou com entregas apenas pelo Grande ABC e, pouco a pouco, foi adquirindo mais fôlego para encarar as viagens para a Capital. “Era complicado no começo, mas fui melhorando nesse ponto.” O biker roda diariamente entre 60 e 100 quilômetros. “Recentemente, fui fazer uma entrega de documentação na Freguesia do Ó, em São Paulo. Demorei umas três horas para percorrer aproximadamente 32 quilômetros”, conta orgulhoso.

Luksys é funcionário da Express Bikers, localizada em Santo André. Para conquistar a vaga, só precisou demonstrar sua experiência com a bicicleta. A empresa atende três segmentos de entregas – lojas de e-commerce (comércio virtual), ramo da alimentação (restaurantes e pizzarias) e documentação. “A ideia é resolver os problemas dos clientes. Já tivemos de coletar 15 assinaturas para um documento em dez lugares diferentes em apenas uma semana. Somos o braço dos clientes na rua”, ressalta um dos proprietários da marca, George Orlando, 34.

A ideia de negócio surgiu da percepção de que as entregas com bikes fora do País estão consolidadas e se expandindo para as capitais brasileiras, como é o caso de São Paulo. “Pensamos por qual motivo isso ainda não existia no Grande ABC e essa foi a nossa oportunidade”, ressalta Orlando. Segundo ele, 95% dos clientes estão nas sete cidades e os outros 5% em bairros da Capital, como Saúde, Paulista e Perdizes.

O perfil dos profissionais é formado por pessoas com idade entre 15 e 50 anos. Para ingressar na área, é preciso ter uma bicicleta em bom estado. Durante as atividades, é obrigatório o uso de capacete em todas as viagens.


Falta de estrutura expõe bikers a riscos

O número de ciclistas mortos em acidentes de trânsito nos seis primeiros meses do ano no Grande ABC já supera em quase duas vezes o total de óbitos do tipo observado em 2018 na região. Conforme os dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo), foram sete registros entre janeiro e maio de 2019 contra quatro casos em todo o ano passado. O cenário é reflexo da falta de infraestrutura adequada às bikes – faixas segregadas e sinalizadas – somada ao desrespeito entre os cidadãos, sejam eles pedestres ou condutores dos diversos tipos de veículos, motorizados ou não, no sistema viário, avaliam os especialistas.

As mortes de ciclistas neste ano ocorreram em janeiro (três casos), março, abril e maio (dois) em cinco cidades: Santo André, São Bernardo, São Caetano (dois), Mauá (dois) e Ribeirão Pires. As vítimas são majoritariamente masculinas (seis homens e uma mulher) com idade entre 14 e 72 anos. Os tipos de acidente foram tombamento (três), choque (dois) e colisão (dois) e, dos endereços disponíveis, apenas dois eram rodovias (SP 122-Santo André/Paranapiacaba e SP 150-Anchieta) – os demais óbitos aconteceram em vias municipais. Quatro casos foram observados às segundas-feiras, dois aos sábados e um na quinta-feira.
A construção de sistema cicloviário que interligue as sete cidades da região é demanda das pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte, mas está longe de se tornar realidade. Sem integração, as cidades contam com 54,8 quilômetros de vias destinadas às bicicletas, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclofaixas de lazer (que funcionam aos domingos e feriados).
 




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