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Grisham rende mais um filme
Por Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
20/11/2003 | 19:46
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Em época de questionamento da credibilidade de alguns juízes no Brasil, com a prisão do juiz federal José Carlos da Rocha Mattos, acusado de comandar uma quadrilha que negociava sentenças, estréia um filme que coloca em pauta o sistema judiciário norte-americano. Segundo O Júri (Runaway Jury, EUA, 2003), de Gary Fleder, que chega nesta sexta aos cinemas da região e ao circuito nacional, o veredicto de um júri popular pode ser alterado de diversas formas, e isso inclui a mais conhecida delas, o suborno. Há também as variações: manipular a seleção do júri antes do julgamento, ou, ainda, infiltrar-se nele para influenciar a escolha dos outros colegas. Se o espectador acha que o cinema já abordou tudo o que podia sobre o universo dos tribunais, O Júri certamente o surpreenderá.

Não que o filme seja brilhante. A história é que merece destaque. Baseia-se no best seller de John Grisham, o mesmo autor de livros já adaptados para a telona como A Firma e O Dossiê Pelicano, e isso explica a facilidade pela qual o escritor aborda o lado obscuro da lei. No primeiro, o advogado vivido por Tom Cruise descobre as operações ilegais de seus clientes, mas é impedido pela ética da profissão a denunciá-los; e em O Dossiê, Julia Roberts é uma estudante de Direito que associa-se a um jornalista para desvendar o assassinato de dois juízes.

O Júri começa com o crime que dará origem ao julgamento em que se apóia a trama. Um sujeito invade o prédio da firma da qual foi demitido, armado com uma metralhadora, e promove uma verdadeira chacina, suicidando-se em seguida. Dois anos depois, a viúva de uma das vítimas entra com uma ação judicial contra a fábrica da arma usada no crime.

Seu advogado é Wendell Rohr (Dustin Hoffman), um idealista apaixonado pela causa do desarmamento. Já os advogados da defesa, que representam os interesses de toda indústria bélica norte-americana, são apenas a fachada para um esquema desenvolvido por Rankin Fitch (Gene Hackman), um impiedoso consultor de juris que tem à disposição um centro de comando de última geração. Por meio dele, Fitch investiga a vida de todos os convocados para serem juris do caso e, assim, pode escolher quem provavelmente votará a favor de seu cliente durante a seleção feita antes do julgamento.

Aí entra o personagem de Jonh Cusack, Nick Easter, que está entre os selecionados. Ele se esconde sob a identidade de um pacato dono de uma loja de videogames, mas na verdade tem seu próprio esquema armado com a namorada, Marlee (Rachel Weisz). Easter pretende manipular o júri e tem tudo armado para que isso aconteça. Do lado de fora, Marlee negocia com os advogados o preço do veredicto. Há furos no roteiro, mas O Júri caminha bem enquanto se apóia na idéia de que tudo, na verdade, é movido pelo dinheiro. A saída moralista para quase todas as partes – à exceção do vilão-mor Fitch – é que compromete o filme.




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