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Futuro do Brasil está no kart

Jovens pilotos pensam grande, mas F-1 já não é mais maior sonho; Stock Car ganha terreno

Por Dérek Bittencourt
08/11/2017 | 07:00
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O anúncio da aposentadoria definitiva de Felipe Massa da Fórmula 1, após o fim da atual temporada, abre lacuna que até pouco tempo parecia distante: pela primeira vez, desde 1970, o Brasil não terá representante no grid da principal categoria do automobilismo mundial, em 2018. E muitos são os motivos para tal cenário, mas o principal deles é o dinheiro, porque talento e vontade não faltam aos jovens que anseiam chegar à elite do esporte.

Na semana passada, a Granja Viana recebeu as finais da Seletiva de Kart Petrobras, tradicional competição do automobilismo de base que reúne os principais nomes da nova safra do kartismo nacional. Apenas pilotos previamente classificados e com idades entre 15 e 18 anos podem participar. Foram dois dias de disputas acirradas, diferenças mínimas ocasionadas por carros com o mesmo acerto e, no fim, João Rosate, 17 anos, ficou com o título, seguido por Lucas Okada, 17, Murilo Coletta, 17, e Enzo Elias, 15.

Há alguns anos nem seria preciso perguntar aos jovens pilotos qual era o sonho no esporte. Chegar à F-1 era resposta mais do que batida. Porém, os tempos mudaram. “É financeiramente inviável”, definiu Coletta, que compartilha o objetivo de Rosate: querem seguir carreira em carros de turismo. “Meu sonho é ser piloto da Stock Car”, disse o campeão, que já disputa a Sprint Race e com o título embolsou R$ 85 mil.

Ainda assim, há quem ainda sustente seguir o caminho de José Carlos Pace, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Felipe Massa. “Tenho o sonho de ocupar essa vaga na F-1. Hoje, a gente vê muito piloto desistindo por causa da dificuldade financeira. Não quero isso. Quero correr atrás. É um sonho que tenho desde o dia que comecei a correr. Meu trabalho é focado nisso”, afirmou Enzo Elias, melhor estreante desta edição.

Com exceção a Okada, os outros três pilotos foram premiados com testes na Fórmula 4 italiana, uma das divisões de acesso na Europa, além de experiência em simulador da Ferrari de F-1. Na volta ao Brasil, ainda terão oportunidade de vivência em carros de turismo – em categoria a ser definida.

Seletiva já revelou grandes nomes ao País

A Seletiva de Kart Petrobras existe desde 1999 e centenas de pilotos já a disputaram. Dos 30 do atual grid da Stock Car, por exemplo, 13 passaram por ela: Júlio Campos, Allam Khodair, Tuka Rocha, Sérgio Jimenez, Bia Figueiredo, Diego Nunes, Galid Osman, Rafael Suzuki, César Ramos, Guga Lima, Felipe Fraga, Guilherme Salas e Gabriel Casagrande.

Outros nomes que também participaram foram Felipe Nasr (F-1), Rafa Matos e Mario Romancini (Indy), Nicolas Costa (F-Abarth) e Matheus Leist (Indy Lights). “Tenho orgulho de (a Seletiva) ser fiel ao objetivo de ajudar o automobilismo de base, mas, principalmente, fazer com que o talento do piloto sobressaia”, disse Binho Carcasci, organizador e idealizador da Seletiva. “Aqui o piloto tem de demonstrar conhecimento técnico, ser arrojado e constante. O (Lewis) Hamilton é esse cara.”

“O campeonato é muito bom e a intenção é das melhores: pensar no automobilismo nacional como todos deveriam”, destacou Gabriel Casagrande. “Faltam ídolos brasileiros. A Seletiva e a Petrobras fazem papel importantíssimo nesse aspecto”, emendou Sérgio Jimenez, que além de maior finalista (sete vezes e um título), hoje é diretor técnico da categoria. 




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