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Ex-espiao publica livro sobre segredos da URSS
Do Diário do Grande ABC
06/04/1999 | 11:04
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As confissoes de um tempo em que o segredo era a alma do negócio - a Guerra Fria - começam a ser divulgadas ao mundo através de um livro. O último espiao da época do poderio soviético, Alexandre Feklissov, de 84 anos de idade, fala da queda-de-braço entre Kennedy e Kruchov em 1962 a propósito de Cuba, recorda ``seu amigo' Julius Rosenberg e o sábio alemao Klaus Fuchs, que permitiram aos soviéticos fabricar uma bomba atômica de baixo custo, em seu livro de memórias Confissao de um agente soviético.

Editado na França pela editora Rocher, Feklisson escreveu o livro com a ajuda de Serguei Kostin, jornalista especializado em assuntos de espionagem e autor de um livro sobre o caso ``Farewell'.

Alexandre Feklissov, que viveu muitos anos em Nova Iorque e Londres, conta detalhadamente como manipulou um certo número de cidadaos norte-americanos comunistas ou pró-comunistas. Entre eles, Julius Rosenberg, que foi condenado à morte e executado na cadeira elétrica em 1953, cuja condenaçao indignou grande parte da opiniao pública mundial, convencida de sua inocência.

O principal interesse destas memórias reside na descriçao minuciosa da ``manipulaçao' de seus encontros, escassos mas produtivos, na organizaçao de uma rede por Rosenberg, dado que ele nao tinha acesso direto a nenhuma informaçao que interessasse à Academia de Ciências da URSS.

Uma bomba atômica que nao saiu cara à URSS, já que a maioria dos espioes trabalhavam por convicçao comunista e só aceitavam, no máximo, pequenos presentes de Natal. Custou, por outro lado, muitos esforços ao manipulador, que conta como conseguiu evitar a insistente vigilância do FBI durante esses encontros furtivos.

Feklissov afirma inclusive que foi graças a Rosenberg, que deu a ele uma informaçao por iniciativa própria, que os soviéticos puderam organizar um sistema de foguetes capaz de, em 1960, derrubar o aviao U2 do comandante Powers sobre os Montes Urais.

Vários capítulos estao consagrados a Klaus Fuchs, que transmitiu diretamente elementos essenciais para a fabricaçao da bomba, por convicçao ideológica e para que os Estados Unidos nao fosse o único país possuidor da arma absoluta. Feklissov faz uma descriçao psicológica minuciosa desse jovem cientista, que poderia ter recebido o prêmio Nobel se nao tivesse passado dez anos na cadeia.

Ainda de acordo com o livro, durante a crise dos mísseis de Cuba, Feklissov, chefe dos serviços de espionagem soviéticos em Nova Iorque, serviu de intermediário entre John Kennedy e Nikita Jruchov.




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