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Investigação sem fronteiras

Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas, foi sócia de Verônica Serra, filha do governador paulista José Serra

Por Carlos Brickmann
09/07/2008 | 00:00
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A prisão simultânea de um banqueiro importante, de boa parte da diretoria do banco, de um ex-prefeito da maior cidade do País, de um influente operador de finanças é sensacional. E, se a investigação prosseguir com o mesmo ímpeto, fatos ainda mais sensacionais poderão ocorrer, atingindo governo e oposição.

Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas, foi sócia de Verônica Serra, filha do governador paulista José Serra, na empresa Decidir.com. O nome de Roberto Mangabeira Unger, hoje ministro do governo Lula, está citado no relatório da empresa americana de investigações Kroll, contratada por Dantas, como possível cliente de Nagi Nahas. Nahas e Verônica Dantas estão entre os presos da Operação Satiagraha (é sânscrito. A propósito, onde é que vão buscar esses nomes?)

Uma curiosidade: a operação foi antecipada pela jornalista Andréa Michael, da Folha de S.Paulo, em reportagem publicada há dois meses (26 de abril). A reportagem estava corretíssima - mas a Polícia Federal pediu à Justiça a prisão de Andréa, por vazamento de informação sigilosa. Bobagem: quem vazou a informação não foi a jornalista, que apenas divulgou o vazamento. Quem vazou, é claro, foi gente de dentro - mas a Federal não pediu a prisão dos vazadores. E a Justiça rejeitou o pedido absurdo, de punir uma repórter por divulgar a verdade.

Por falar em repórteres, aguarde uma série de escândalos envolvendo jornalistas e meios de comunicação. Há alas pró-Dantas e anti-Dantas na imprensa; e parte dessas alas certamente não tomou posição sem ouvir sólidos argumentos.

MAIS GENTE NA MIRA
Lembra do dossiê preparado no Planalto sobre as despesas de Ruth Cardoso e Fernando Henrique? Pois é: a Justiça determinou o envio do inquérito sobre o caso ao Supremo Tribunal Federal, que decidirá se os ministros Dilma Rousseff e Tarso Genro serão investigados. Dilma, pela suspeita de que o dossiê seja obra de sua Pasta; Tarso, pela demora em autorizar a Polícia Federal a investigar.

O SHOW DA ALGEMA
Alguém acredita que um homem pacato, educado, de meia-idade, vá enfrentar dezenas de policiais altamente treinados e pesadamente armados? Por que algemar, por exemplo, o ex-prefeito Celso Pitta? Se houver alguma prisão sem câmeras de TV por perto, será que a polícia ainda vai achar as algemas essenciais?

ELES E NÓS
E, por favor, não digam que a algema é obrigatória. Não é, não. Aquele policial acusado de pedofilia não foi algemado. Teve toda a liberdade do mundo para, cercado de policiais, trancar-se no banheiro, pegar uma arma e suicidar-se.

O VALOR DA PESQUISA
Há alguns anos, quando sua campanha ia bem e liderava as pesquisas, Paulo Maluf se surpreendeu com uma frase do jornalista e professor Oliveiros S. Ferreira: "Não se anime demais, a campanha só começa agora". Ou seja, com o horário gratuito na TV. Aquela história de que "ninguém vê" o horário gratuito é falsa: a maioria vê, e o horário gratuito forma opinião. Até o início da TV, as pesquisas quantitativas (que indicam quem está na frente) têm pouco valor.

RIR, RIR, RIR
Isso é para tapar a boca dos eternos descontentes que vivem dizendo que o Congresso trabalha pouco e que seus projetos nunca chegam a virar lei. Pois um projeto do senador Tião Viana, do PT acreano, acaba de ser sancionado pelo presidente Lula e agora é lei: fixa o 15 de Maio como "Dia das Infecções Hospitalares". Parece que pegar infecção hospitalar em outra data não é mais permitido.

O VALOR DAS LEIS
Existe gente que acha que um acusado deve ser condenado primeiro e julgado depois. Existe gente que acha que a polícia deve atirar primeiro e perguntar depois. Existe gente que, apesar disso, fica indignada quando a polícia atira primeiro e, como aconteceu agora, mata um garoto de 3 anos. Uma coisa é conseqüência da outra: quem atira em tudo o que se mexe acaba virando assassino.




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