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Somos todos prostitutas

Carla Bruni, primeira-dama da França, foi chamada de prostituta pelo jornal iraniano Khayan, controlado diretamente pelo líder supremo da nação

Carlos Brickmann
05/09/2010 | 00:00
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Carla Bruni, primeira-dama da França, foi chamada de prostituta pelo jornal iraniano Khayan, controlado diretamente pelo líder supremo da nação, aiatolá Ali Khamenei, por defender Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento. Seu crime: ter mantido relações sexuais com dois homens quando já era viúva. Carla Bruni, diz o jornal, deveria morrer por levar uma vida imoral (quando solteira, namorou muito) e por defender a condenada. O Khayan chamou de prostitutas, também, todas as mulheres que defendem Sakineh.

O vice-presidente José Alencar, para não reconhecer como filha a professora Rosemary, diz que a mãe da jovem era prostituta e mãe solteira, e que seus encontros sexuais com ela foram eventuais. Tão eventuais que, 56 anos mais tarde, ele se lembra dos fatos; tão eventuais que ele se recusa ao exame de DNA.

Vejamos quem são as moças citadas, vejamos quem as acusa. Vejamos quem é a vítima, quem são seus algozes. Vejamos onde se oculta (ou se mostra, descaradamente) o preconceito contra as mulheres.

Sejamos solidários: somos todos prostitutas. Não importa nosso sexo, nossa idade, nossa aparência: importa apenas nosso caráter.

Somos todos prostitutas. E temos a certeza de que nossos filhos serão melhores ao lidar com mulheres do que esses que hoje as discriminam e perseguem.

OS ESPECIALISTAS

Violação de sigilo é prática antiga e, como é deixada pra lá, cresce. Há anos, houve denúncia contra José Eduardo Cardozo, do PT: ele usava carro blindado cedido pela GM. Embora não houvesse crime, poderia gerar suspeitas sobre as relações entre uma multinacional e um político. Cardozo conseguiu informações sigilosas de quem fez a denúncia, o radialista João Alckmin, e quis lê-las na Câmara Municipal. A advogada Tania Lis Tizzoni Nogueira, esposa de Alckmin, protestou; e só não acertou bofetada em Cardozo porque segurou o tapa. Ele desistiu da leitura das informações sigilosas. O processo movido por Alckmin está hoje no STF.

O ‘X' DO PROBLEMA

Há uma coisa passando despercebida nessa história toda de violação de sigilo fiscal (não faça de sua ideologia uma arma: a vítima pode ser você). O cavalheiro que apresentou a falsa procuração da filha de Serra à Receita tinha cinco CPFs. Seu cliente lá do Acre tinha 30. No mundo em que vivemos, CPF é um documento único, importante instrumento de identificação. No mundo subterrâneo, um CPF é baratinho. Dizem que pode ser obtido com uma única cédula, não requerendo prática nem habilidade. É ótimo para restabelecer o crédito na praça.

LAVAGEM BARATINHA

Veja este anúncio que circula na internet: "Nome sujo? Por apenas R$ 50 você pode agora mesmo renovar seu CPF. Digite a palavra RELâMPAGO, para o e-mail xxxxxxxxxx@xxxx.com e tenha maiores informações". O preço pode ser ainda mais baixo, conforme outro anúncio. "Está com o nome sujo? Então limpe ele em apenas 10 dias! Volte a usar cartões de crédito e talões de cheque! Pode voltar a pagar parcelado! Não tem que pagar sua dívida! Você NÃO precisa de advogados!" Sai por R$ 39. Polícia e Receita, com toda a certeza, também recebem essas mensagens. Mas parece que trabalhar cansa.

MILAGRES ELEITORAIS

1 - Do ex-governador fluminense Moreira Franco, PMDB, membro da comissão do plano de Governo de Dilma: "Há uma decisão majoritária no PMDB de mudar sua prática, porque nos incomoda muito ter essa imagem de fisiológico".

2 - O deputado estadual Fernando Capez, PSDB, católico, converteu-se à evangélica Bola de Neve, que quer eleger um representante na Assembleia.

3 - Levy Fidelix, do Aerotrem, garante que o Banco Central iria aumentar os juros, mas desistiu depois de ouvi-lo no horário eleitoral gratuito. Deve ser coincidência, mas o domínio do e-mail de Fidelix é paralleluniverse.com.Br




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