É complicado definir, hoje em dia, o que é desenho animado. Enquanto filmes como Parque dos Dinossauros e Matrix abusam da computaçao gráfica, outros como Aladin, da Disney, nao se contentam em simular o movimento da câmera, mas a faz mover-se de verdade diante do desenho. "A Associaçao Nacional do Filme de Animaçao (Anfa), considera como sua jurisdiçao toda produçao em que o movimento é obtido quadro a quadro", explica um dos organizadores do Anima Mundi, César Coelho. "Mas quem faz nao se preocupa com esse detalhe."

Se alguém faz a pergunta onde é atualmente a meca do desenho animado, que já foi o Canadá e a antiga Checoslováquia, ele hesita, mas responde. "Se for como indústria, sao os Estados Unidos, onde estao os maiores estúdios, o maior número de filmes e onde sao feitas as séries, ou seja, criam-se personagens que duram uma ou várias temporadas", explica. "Já se for como arte, desde os anos 80 é a Inglaterra, onde emissoras grandes como a BBC e a Chanel 4 passam desenhos até no horário nobre e para adultos."

No Brasil a situaçao é bem menos favorável, embora Coelho comemore a exibiçao dos desenhos da Mônica, personagem de Maurício de Sousa, na TV Globo, prevista para a segunda-feira.

"No Brasil, só agora o desenho animado começa a ser considerado arte e nao só uma diversao para crianças, embora as televisoes raramente programem a exibiçao de produçoes brasileiras e os cinemas muito menos", diz César Coelho. "Mas essa situaçao começa a mudar, até porque o desenho animado está entrando numa época de ouro em todo o mundo."

A causa desse interesse em assistir e, principalmente, criar desenhos é a facilidade trazida pela popularizaçao do computadores pessoais e dos programas que permitem criar animaçao. "Hoje qualquer pessoa pode criar no computador com alguma qualidade", ressalta César Coelho. Os criadores brasileiros usam técnicas variadas, que vao do desenho quadro a quadro aos mais avançados recursos de computaçao gráfica, sem esquecer de sofisticados stop motion. "O que marca a produçao brasileira é o humor e o ritmo."

As vezes, várias técnicas misturam-se sem preconceitos, desde a mais avançada computaçao gráfica, capaz de criar cenários e personagens virtuais mais reais que os verdadeiros, e o desenho de cada quadro no papel que depois será fotografado, como ocorria nos primeiros filmes, até mesmo em clássicos como Fantasia, da Disney.