Antônio de Almeida, professor de História, tem vínculos estreitos com o Grande ABC. Durante muitos anos aqui lecionou. Seu mestrado, na PUC-SP, versou sobre os movimentos populares desenvolvidos em Santo André. Há alguns anos leciona na Universidade Federal de Uberlândia, mas continua pesquisando o Grande ABC. Sua tese de doutorado, defendida na USP, virou livro e foi publicada em agosto. E o tema, uma vez mais, é o Grande ABC.

LIVRO

Experiências políticas no ABC Paulista: lutas e práticas culturais dos trabalhadores. Editora: Edufu (Editora da Universidade Federal de Uberlândia).

RESUMO

O objetivo central é compreender a forma de ser e de agir dos trabalhadores do Grande ABC. O conteúdo do livro divide-se em três partes:

Na parte um, traça-se um paralelo: de um lado, a industrialização e a urbanização; de outro, os trabalhadores. Evidencia-se um contraste entre o propalado progresso regional e as condições de vida da população distanciada do progresso econômico.

Na parte dois, focaliza as variadas formas buscadas pelos trabalhadores para construir a sua identidade social.

Na parte três, traz uma reflexão sobre as diversas formas de resistências, lutas e organizações coletivas desenvolvidas pelos trabalhadores. No passado, a liderança comunista; a partir de 1964, o surgimento de novos movimentos populares: a retomada das greves, a criação do PT e da CUT.

PREFÁCIO

"Antônio de Almeida mantém uma necessária abertura em suas reflexões para garantir ao conhecimento histórico uma identidade de fazer em andamento (ou, na clássica expressão de Pierre Vilar, ‘em construção')" (Marcos Silva, professor titular do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP).

PIERRE VILAR

A expressão "em construção", como aqui se coloca, está no livro História marxista, história em construção, que é citado por Jacques Lê Goff.

LANÇAMENTO

O livro de Antônio de Almeida será lançado entre nós em novembro, durante a realização do 10º Congresso de História do Grande ABC.

O mérito maior do livro é reunir o máximo possível de fontes, primárias e secundárias. A bibliografia é rica e democrática. Alcança desde a obra clássica de João Netto Caldeira, Álbum de São Bernardo (1937), até a obra de Marilena Chauí dos anos 1980 e 1990.

VIVA CIDADE

É com alegria e emoção que vemos contemplados ao longo das 300 páginas do livro os estudos que fizemos sobre Santo André no primeiro governo do prefeito Celso Daniel (PT), um calhamaço de quase 4.000 laudas que permanece inédito e que hoje serve, também, ao estudo acadêmico.

Octaviano Gaiarsa, Ítalo Dal'Mas, Newton Ataliba Madsen Barbosa, Oscar Garbelotto, Henry Veronesi, Antonio de Andrade, Wanderley dos Santos, Mario Stangorlini, todos autores regionais, têm suas obras destacadas ao lado de Eric Hobsbawm, José de Souza Martins, Ricardo Antunes, Fernando Henrique Cardoso, Ruth Cardoso e Edgard Carone.

Impossível, num único dia, destacar uma parcela maior da obra que Antônio de Almeida oferece à memória do Grande ABC.

AMANHÃ EM MEMÓRIA

Kowarick, bondinho do Pujol, um abaixo-assinado de 1916 do povo de Ribeirão Pires e outras passagens dos tempos em que o Grande ABC se chamava São Bernardo, simplesmente.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Sábado, 15 de setembro de 1979

Manchete - Polícia garante volta da rotina na Capital. Bancários em greve. Agências depredadas por office-boys.

Mauá - Vila Carlina tem escola assaltada novamente.

Arte sacra - Pinturas da catedral do Carmo estão deterioradas.

São Caetano - Sociedade Amigos do Bairro Fundação será reativada.

Polícia - Comerciantes estão apreensivos: quadrilhas assaltam no Grande ABC.

EM 15 DE SETEMBRO DE...

1904 - Humberto Cecatto nasce em Amparo (SP). Veio para São Caetano em 1919. Dirigente esportivo.

1920 - Entra em funcionamento o posto fiscal de Capuava.

1935 - Inaugurada a Escola Profissional Júlio de Mesquita, em Santo André.

MUNICÍPIOS PAULISTAS

São vários os municípios que celebram o aniversário hoje, reportando-se ao dia de Nossa Senhora das Dores, padroeira das cidades.

Limeira surge em torno da capela de Nossa Senhora das Dores de Tatuibi, construída em 1824, sendo elevado a município em 1842, quando se separa de Piracicaba.

Avaré formou-se em torno de uma capela erigida em 1861. Foi elevado a município em 1875, quando se separou de Botucatu. Nome anterior: Vila do Rio Novo. Avaré significa "Rio do Padre" (abaré = padre; y = rio). No lugar da primitiva capela está hoje o Santuário de Nossa Senhora das Dores.

General Salgado já se chamou Palmira (nome da filha do fundador, o coronel Antonino José de Carvalho) e Sebastianópolis. Tornou-se município em 1945, ao se separar de Monte Aprazível.

Euclides da Cunha Paulista é município desde 1990, quando se separou de Teodoro Sampaio.

HOJE

Dia da Musicoterapia e do Musicoterapeuta.

SANTOS DO DIA

Catarina de Gênova, Emília, Jeremias, Nicomedes e Senhora das Dores.

A devoção a Nossa Senhora das Dores, ou "Madonna Addolorata", em italiano, é muito antiga. Evoca o sofrimento de Maria quando do flagelo e morte do seu filho Jesus.