Olga, que volta a ser exibida nesta quarta-feira, sexta-feira e domingo no Theatro Municipal de São Paulo, é uma bela montagem. Cheia de detalhes históricos, com uma cenografia caprichada e louvável elenco, conta a trajetória da revolucionária comunista, mulher de Luís Carlos Prestes.

O que a maior parte do público já sabe é que Olga e Prestes apaixonaram-se e tiveram uma filha, nascida quando ela já estava sob domínio dos nazistas.

É de se supor que muitos dos que estavam na récita de segunda-feira almejavam conferir as cenas e detalhes do romance, tal era a resposta a cada comentário de uma Olga que investiu pesado naquele inusitado e irresistível amor. Risos eram ouvidos a cada incisivo argumento da protagonista diante de um Prestes que, aos 37 anos, ainda não encontrara tempo para relações amorosas.

O que ficou em primeiro plano não foram as firulas do casal, mas um drama histórico com todas as suas complicações. E nota-se, aí, a preocupação do autor em deixar tudo muito claro, de explicar quem é quem e como as coisas aconteceram. Imagens de época, projetadas em telões, ajudam a situar os acontecimentos.

E se na cenografia e direção William Pereira encontrou ótimas e criativas soluções, na ópera havia alguns pequenos momentos de desconforto. Como na parte em que a carta inteira deixada por Olga se transforma em ária. Um texto maravilhoso, forte, mas que se arrastou demais e que talvez por isso tenha perdido um pouco de sua carga dramática.

O ponto alto foi quando os prisioneiros políticos da Frei Caneca cantaram a “Internacional”. Emocionante. Quebrando o protocolo, o público aplaudiu efusivamente.

Olga – Ópera em três atos de Jorge Antunes. Libreto de Gerson Valle. Com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Nesta quarta-feira e sexta-feira (20), às 20h30; domingo (22), às 17h. No Theatro Municipal de São Paulo – Praça Ramos de Azevedo, s/n. Tel.: 3222-8698. Ingr.: R$ 20 a R$ 40. Até domingo (22).