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Israelenses preferem Bush, enquanto palestinos apóiam Kerry
Por Da AFP
16/10/2004 | 12:36
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Com a aproximação da eleição presidencial nos Estados Unidos, os israelenses optaram explicitamente pelo republicano George W. Bush, enquanto os palestinos rezam por uma vitória de seu adversário nas urnas, o democrata John Kerry.

Pelo menos 55% dos israelenses votariam no atual presidente americano, enquanto 45% preferem Kerry, segundo uma pesquisa da Universidade Bar Ilan de Tel Aviv publicada recentemente em Israel. O professor Eytan Gilboa disse que 80 mil eleitores americanos residentes em Israel e com nacionalidade israelense seguem esta tendência.

Curiosamente, quatro anos atrás, George W. Bush tinha despertado a desconfiança em Israel por suas relações privilegiadas com o lobby petroleiro e porque seu pai tinha uma imagem pró-árabe. Bush obteve 20% dos votos de eleitores judeus nos Estados Unidos e seu rival Al Gore angariou 80%. Bush espera conquistar agora 35% de apoio desse setor, um resultado atingido apenas uma vez pelos republicanos com Ronald Reagan, em 1980. Isto poderia ser determinante em vários Estados cruciais, como Flórida.

Esta mudança é fruto das transformações geradas pelos atentados de 11 de setembro de 2001, que levaram a Casa Branca a colocar os atentados palestinos e os grupos envolvidos nessas ações como alvos a serem perseguidos "na luta contra o terrorismo" lançada pelo governo Bush. O resultado foi quatro anos de lua de mel entre Israel e Estados Unidos, bem como oito reuniões do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon e o presidente Bush na Casa Branca. Os dois têm a mesma posição sobre o "Mapa da Paz", um plano internacional de paz paralisado que prevê a criação de um Estado palestino até o final de 2005.

Bush também classificou como "bravo" o plano Sharon de retirada unilateral da Faixa de Gaza e decidiu boicotar, como fez Sharon, o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina) Yasser Arafat. Todas estas razões aumentaram o número de palestinos que preferem John Kerry, apesar de ele ter afirmado que não retomará as relações com Arafat. O respaldo tradicional do grande aliado americano a Israel era indefectível, movido também pelo apoio de várias dezenas de milhões de eleitores republicanos fundamentalistas cristãos, ligados ao Estado hebreu por razões teológicas.

Washington continuou reservando três bilhões de dólares anuais para Israel e não tem economizado seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para poupar-lhe de resoluções hostis. Além disso, em maio passado Bush se proclamou defensor do caráter judeu do Estado de Israel ao afirmar que os refugiados não poderiam regressar. Também disse que a solução permanente do conflito com os palestinos deverá ter em conta "realidades demográficas" nos territórios ocupados. Desta maneira legitimou a manutenção dos blocos de assentamentos, reconhecendo de forma implícita o direito ao "crescimento natural", quando a colonização se apresentava até então como um "obstáculo para a paz" pelos governos anteriores, começando por Bush pai.

John Kerry ficou ao lado dessas posições, crítica em relação a Arafat e garante que quer combater "os terroristas como Hamas, Hezbollah, as Brigadas de Al-Aqsa e outros". Descartou toda solução imposta por Israel e não denunciou o muro de separação que está sendo construído na Cisjordânia. No entanto, o candidato democrata continua sendo um desconhecido para os israelenses, apesar de seus ancestrais por parte de pai serem judeus e que seu irmão Cameron se converteu ao judaísmo.




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