Botín não metaforiza como seus pares. Vai direto à questão, pois, afinal, é um documentário. David Blaustein, o diretor, adere a uma certa subjetividade ao abordar o impacto das prisões e desaparecimentos políticos não só sobre as vítimas diretas de tais arbitrariedades, mas sobre seus familiares.
É representativo então que Blaustein tenha como cúmplices na jornada humanista um grupo auto-intitulado Avós da Praça de Maio, uma ramificação das famosas Mães da Praça de Maio. Uma fama que não lhes é querida, que lhes foi outorgada.
Essas avós até hoje choram pelos netos desaparecidos, filhos de prisioneiros que foram adotados por outras famílias que elas desconhecem. São elas credores de um débito absurdamente alto: alguns cálculos de entidades e organizações não-governamentais dão como 30 mil o número de pessoas que sumiram do mapa durante o regime Videla-Galtieri. Dezenas de milhares sumidos, mas não esquecidos, garantem as vovós militantes.
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