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Copas no lugar do coração
Por João Guimarães
Especial para o Diário
08/07/2007 | 07:04
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O ambiente é descontraído. A música que o rádio toca passa quase despercebida com o barulho que as pequenas fichas de plástico fazem ao bater na mesa de forro verde-bandeira. Entre os presentes, estão pessoas de diferentes faixas etárias. Elas confraternizam-se, sorriem e debatem sobre um único e exclusivo assunto: o pôquer. Este é o clima presente de todos os clubes que promovem o jogo.

Em tempos de guerra contra bingos e máquinas de caça-níqueis, os amantes do pôquer lutam para divulgar a legalidade. Não adianta fugir. A invasão ocorreu em quase todos os setores da mídia. Emissoras de TV por assinatura, como ESPN e Sportv, dedicam programas inteiros para a transmissão de campeonatos. Na telona, ele também aparece aqui e ali. O agente secreto James Bond se mostrou um apaixonado pelas cartas em seu último filme, Casino Royale.

Internet - Mas em se tratando de divulgação do pôquer, ninguém vence da rede mundial de computadores, internet. As páginas virtuais que permitem jogar sem apostar são inúmeras. Motivados pelas vitórias na rede, os jogadores começam a migrar para as mesas reais. É o caso do jogador Robson Quiroga. Conhecido no meio como Robigol, ele disputava o jogo em sites. “Faz dois anos que eu jogo. Já ganhei muitos campeonatos virtuais, não lembro o número ao certo”, diz.

A incursão nas mesas da vida real lhe garantiu o trófeu do 2º torneio nacional Simba, realizado em Santa Catarina em março deste ano. “Eram mais de 160 jogadores, felizmente levei a melhor”, diz.

Atualmente, além de competir, ele é diretor de eventos da Associação Omega Texas Club. A sede do clube em São Bernardo é a única casa disponível para a prática no Grande ABC. Inaugurado em dezembro de 2006, o clube já conta com mais de 2,5 mil sócios. “A grande maioria participa ativamente”, afirma. “Também temos outros jogos disponíveis, tranca, gamão, xadrez, dama e truco.”

“Aqui não vem bandido nem viciado. Ninguém consegue perder uma casa jogando pôquer. As apostas são baixas”, diz o freqüentador Fernando Cestari, que conheceu o jogo por transmissões pela TV há cerca de três anos.

Além do prazer pelo jogo, Cestari diz que também é possível conhecer muita gente nas casas. “Adoro vir aqui para socializar com o pessoal. Todo mundo é amigo. Nunca vi sair uma briga”, diz o freqüentador.

Adrenalina - Trinta minutos na mesa de pôquer bastam para mostrar que trata-se de um jogo de habilidade. Algumas regras têm de ser seguidas à risca. Para evitar trapaças, nenhuma carta pode ser retirada da mesa, nem mesmo durante a distribuição. Os jogadores, ou o croupier, as arrastam para cada um dos participantes. “Dessa forma, ninguém pode acusar o outro de ter trocado algo”, explica Quiroga.

Marcar as cartas mais importantes, nem pensar. Em todas as casas, os baralhos são trocados a cada partida, mesmo que os jogadores permaneçam os mesmos. “No Omega, os baralhos são personalizados com o logotipo da casa. Ninguém pode trazer cartas de fora e misturar no meio do jogo”, explica.

Outra curiosidade é o fato de a maioria dos jogadores utilizar óculos escuros na intenção de disfarçar suas reações aos adversários. Isso tem um nome – tell (veja mais gírias no quadro). “Se o sujeito perceber que eu tenho um jogo bom, ele não aposta”, diz Robigol. Segundo ele, esta é a graça do jogo. “Às vezes, você não tem nada, blefa e leva a mesa. Os jogadores sempre estudam uns aos outros”, afirma.

Este estudo gera alguns truques para disfarçar que acabam se tornando hábitos. Não é raro você encontrar um jogador que fale sem parar ou um que praticamente não fale, outro que simule estar escutando música enquanto joga e até mesmo aquele que utiliza um apretecho para colocar em cima das cartas, como um brinquedo ou algo do gênero.

“Um principiante pode até ganhar uma rodada ou duas, mas a chance de vencer uma mesa é mínima”, diz Quiroga. A dica é treinar muito em casa antes. E boa sorte!



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