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Calor em sala de lata em S.Bernardo chega a 40°C
Por Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
09/02/2006 | 07:48
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Em vistoria à escola municipal Lorenzo Lorenzetti, no bairro Botujuru, em São Bernardo, o promotor de Justiça dos Interesses Difusos da Infância e Juventude Jairo Edward de Luca classificou como medida paliativa a instalação de aparelhos de ar-condicionado nos cinco contêineres de zinco em que estudam alunos de 1ªa 4ªsérie. São crianças na faixa dos 6 aos 10 anos que há dois anos enfrentam todos os dias calor excessivo dentro das salas de lata. A temperatura interna dos contêineres chega a 40 graus. No inverno, a situação se inverte e elas passam frio.

A Prefeitura de São Bernardo providenciou os aparelhos de ar-condicionado na semana passada, mas que ainda não funcionavam quarta-feira. Localizada na estrada Basílio de Lima (perto do Ilha de Capri), a escola no futuro deve ser demolida para construção do trecho Sul do Rodoanel. Mas não existe previsão de quando isso ocorrerá.

O promotor Edward de Luca espera que o improviso seja temporário. “O ar-condicionado é paliativo, e espero que seja temporário. Não é preciso ser médico para saber que essa escola é totalmente insalubre”, disse. Para ele, a melhor possibilidade é a de construir salas de madeira, já que não podem ser de alvenaria por estarem em área de manancial. “Se as crianças não ficarem bem com o ar-condicionado, vamos tomar outras medidas. O Ministério Público pode mover ação civil pública na Justiça para resolver irregularidades”, completou.

A primeira visita do promotor na escola foi em 19 de janeiro deste ano. Após conhecer o prédio, ele solicitou instalação de ar-condicionado nas salas ou transferência dos alunos para outras escolas. Mães de alunos da escola, no entanto, afirmam que só “salas de verdade” resolvem o problema.

A Prefeitura de São Bernardo informou quarta-feira que deve construir nova escola na região do Botujuru, que fica no Riacho Grande, e que está em busca de terreno fora do perímetro do Rodoanel. Não informou, porém, a previsão de quando a nova escola deve estar pronta. “Assim que estiver definido o terreno, a escola será construída”, afirmou a Secretaria de Educação e Cultura de São Bernardo.

Preocupação – A dona-de-casa Vivian Conceição Dantas, 24 anos, mãe de um aluno de 6 anos matriculado na 1ªsérie, diz que não quer o filho dentro de um contêiner. Ela não acredita que o ar-condicionado seja a solução. “Como ele foi para a 1ªsérie, já vai estudar no contêiner. No calor, esquenta demais lá. No frio, fica um gelo. E as crianças têm de ficar lá das 13h às 18h”, disse a mãe.

“No ano passado, teve aluno que passou mal, sentiu dor de cabeça, vomitou. Além disso, o contêiner é suspenso e embaixo aparecem ratos. Até cobra já vimos aí”, disse Vivian. Ela quer colocar o filho em outra escola, também na região do Riacho Grande. Se conseguir vaga, terá de arrumar um transporte para o filho.

A reportagem entrou quarta-feira em um dos contêineres, onde 25 alunos de 4ªsérie assistiam a aula. Um ar abafado e quente tomava conta da sala. As janelas estavam totalmente abertas, ventiladores funcionavam nas paredes e as crianças aparentavam desgaste físico.

A Prefeitura ressaltou que não pode construir classes de alvenaria ou madeira no local porque, para isso, precisa de autorização da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. De acordo com a administração municipal, os contêineres foram adotados por causa do Rodoanel. “Devido à demanda de crianças em idade escolar naquela região, a Secretaria de Educação e Cultura entendeu que os contêineres seriam a forma mais rápida para atender os alunos”, afirmou a Prefeitura, em resposta a questionário da reportagem.

A administração pública disse, ainda, que está providenciando repasse de recursos à Associação de Pais e Mestres da escola para reposição de torneiras, reforma do telhado e conserto de infiltração de água.




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