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Guerra do tráfico de drogas no Rio deixa dezenas de mortos
05/07/2006 | 00:05
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Oito corpos, com marcas de tiros e indícios de tortura, foram encontrados, esta madrugada em dois carros abandonados na esquina das ruas Porto Alegre e Grão Pará, no Engenho Novo, zona Norte do Rio. A polícia acredita que estes e outros 13 corpos encontrados naquela região da cidade tenham relação com disputa por pontos de venda de drogas no Morro do São Carlos, no Estácio. Essa guerra do tráfico teria começado na segunda-feira.

O delegado Ronald Hurst, titular da delegacia do Engenho Novo, disse que os cadáveres foram deixados no Engenho Novo, distante do Morro São Carlos, para despistar a polícia sobre a guerra. “Com os corpos estirados no morro, a polícia iria ocupá-lo, o que prejudicaria a disputa interna”, explicou. “Um legista disse que eles haviam sido mortos há pelo menos 20 horas, o que coincide com o período do conflito.”

O estado dos corpos chocou os moradores do Engenho Novo: as vítimas estavam algemadas, sem roupas e com marcas de que haviam sido torturadas. Os veículos haviam sido roubados no mês passado numa falsa blitz, em Vila Isabel, zona Norte carioca.

Depois de terem encontrado os cadáveres, PMs dos batalhões do Méier e da Tijuca fizeram patrulhamento na região, mas ninguém foi preso. Até o fim da tarde, sete dos oito corpos haviam sido identificados: o do adolescente W.B., de 14 anos, e ainda William dos Santos, de 22; Alexsandro de Jesus, de 19; Sérgio da Silva Fonseca, de 26; Luis Cláudio Gonçalves, de 24; Cleiton Martins, de 22; Carlos Eduardo Reimoso, de 24.

Os moradores ficaram assustados com a ousadia dos criminosos. “Ouvi barulho de carro freando, às 2h30. Dei uma olhada pela janela e não vi mais o segurança da rua. Até ele sumiu com medo de ser morto”, disse uma dona de casa, que pediu anonimato. “A violência está demais. Recentemente, minha casa foi assaltada. Ouço tiroteio com muita freqüência. Ontem (segunda-feira) à tarde, houve confronto entre traficantes dos morros São João e dos Macacos”.

  

Mais corpos – Outras 13 treze mortes podem ter relação com a disputa pelo controle do tráfico de favelas no São Carlos e também pelos morros do Querosene e da Coroa, que ficam ao lado. Seis pessoas assassinadas por traficantes foram encontradas entre segunda-feira e terça e outros sete ainda estão sendo procurados pela polícia. Todos seriam criminosos. Segundo a polícia, é possível que essas sete pessoas desaparecidas estejam entre os oito homens encontrados nesta quarta-feira no Engenho Novo.

Nesta terça-feira pela manhã, dois cadáveres foram deixados em sacos plásticos no canal do Mangue da Avenida Presidente Vargas, uma das principais do centro do Rio, junto ao prédio do Juizado da Infância e Juventude. Outros dois foram abandonados na Rua Itapiru, no Rio Comprido, perto do Estácio.

Há suspeita de que os casos estejam relacionados à guerra nas favelas, mas não há confirmação. Na segunda-feira, duas pessoas já haviam sido mortas e jogadas no porta-malas de um Astra, localizado perto de um dos acessos ao complexo. Segundo moradores, os traficantes teriam feito mais sete vítimas.

A PM realizou operações a fim de encontrá-las, mas nada foi achado. Bandidos de uma mesma facção estão lutando pelo domínio das bocas-de-fumo das favelas. A guerra se estende desde março, quando Gilson Ramos da Silva, o Aritana, antigo “chefe” do São Carlos, foi morto pela polícia.



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