Cultura & Lazer Titulo
Filme sobre os horrores da URSS é rejeitado por canais de TV
Da AFP
13/06/2007 | 18:20
Compartilhar notícia


Caixões com os corpos de soviéticos mortos no Afeganistão e um policial torturando seus prisioneiros são algumas cenas do filme "Carregamento 200", que mostra os horrores da União Soviética e que os canais de TV russos rejeitaram, num país nostálgico dessa época.

Alexei Balabanov, diretor e roteirista de "Brat" (Irmão) e Brat-2, filmes de ação com ênfase nacionalista, adorados pelo público russo, mas pouco conhecidos no exterior, surpreendeu os críticos com sua nova obra.

Proibido para jovens menores de 21 anos, "Carregamento 200", filme de extrema violência, deve ser exibido nos cinemas a partir de 14 de junho. "Os canais de televisão aos quais propus nosso filme o rejeitaram", destacou seu produtor, Serguei Selianov.

A ação se passa em 1984, "o pior ano da época do estancamento e, de fato, o último ano do poder soviético", antes da chegada de Michail Gorbachev, que lançou a Perestroika, explicou o diretor.

Numa aldeia perdida da província, um policial maníaco e perverso seqüestra a filha de um funcionário local do Partido Comunista. A única esperança para a moça é seu namorado militar, que poderia livrá-la deste pesadelo, mas ele acaba sendo morto no Afeganistão.

Algumas cenas chocam: o estupro da jovem com uma garrafa, a chegada ao aeroporto dos caixões vindos do Afeganistão, "o carregamento 200", segundo a expressão oficial soviética, enquanto dezenas de soldados embarcam no mesmo avião para se dirigir ao front.

O diretor do canal privado NTV, Vladimir Kulistikov, confirmou que o filme não será exibido na emissora, pois "não se dirige às massas". "Não se trata de censura, mas do ambiente que reina na sociedade. A URSS deixou de ser objeto de críticas", disse Selianov.

A primeira apresentação do filme, em que se esperava toda a classe política russa, foi realizada em 5 de junho em Moscou, numa sala praticamente vazia. Só assistiram alguns jornalistas e deputados.

"Os políticos não querem se pronunciar sobre um filme tão controverso", disse à AFP uma funcionária de um partido liberal que pediu o anonimato e que não quis participar de uma discussão viva após a projeção.

"Você quer dizer que isso era a União Soviética? É fácil combater os mortos", indignou-se Liubov Chvets, uma deputada comunista. Outros qualificaram o filme de "genial" e disseram que era algo mais que uma simples crítica ao passado.

"É um filme que não fala do passado, mas do presente. Ontem, Afeganistão, hoje, Chechênia. O poder não mudou", disse, por sua vez, o deputado nacionalista Viktor Cherepkov.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;