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Nada empolgante em Veneza
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01/09/2008 | 07:08
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Foi um grande fiasco a estréia de Plastic City, um dos dois filmes ambientados no Brasil e que concorrem ao Leão de Ouro - o outro é Birdwatchers, do ítalo-argentino Marco Bechis, programado para hoje. Plastic City é dirigido pelo chinês Yu Lik-Wai, roteirizado por Fernando Bonassi e pelo próprio diretor, tem atores brasileiros no elenco (Tainá Müller, Phelippe Haagensen, Antonio Petrin, Milhem Cortaz, Alexandre Borges, Claudio Jaborandy), co-produtores brasileiros (os irmãos Gullane), é falado em chinês, português e inglês, ambientado em São Paulo, Santos, Amazônia e fala sobre uma gangue chinesa de produtos piratas que opera no País.

O filme tem a marca de muitas culturas e talvez de nenhuma. Seu cartão de visitas é a imagem de um tigre de Bengala que aparece em plena floresta amazônica. De certa forma, é também o logotipo do projeto - aquele que define sua alma multinacional, ou, se preferirem, falta de personalidade.

O número de títulos italianos em concurso, quatro, foi considerado excessivo e patriótico por parte de alguns observadores estrangeiros. Dois deles já foram apresentados: Un Giorno Perfetto e Il Papà di Giovanna e não se pode dizer que tenham causado comoção. Não são maus filmes, diga-se, mas com tanta badalação e paixões nacionalistas exacerbadas, esperava-se mais.

Un Giorno Perfetto (Um Dia Perfeito), de Ferzan Ozpetek (diretor nascido na Turquia, radicado na Itália) é um título irônico para designar a jornada de uma operadora de telemarketing, separada de um marido lunático e com dois filhos pequenos para criar.

Já Il Papa di Giovanna (O Pai de Giovanna) traz o cineasta Pupi Avati em seu estilo - meio retrô, flertando com o academicismo, ênfase nos grandes intérpretes. No caso, Silvio Orlando, ator cômico mas de bons dotes dramáticos, um dos mais amados no Itália. Ele faz o pai da adolescente que assassina uma colega de escola por uma questão de ciúmes. O filme é centrado no papel de Orlando, um professor modesto, casado com uma mulher belíssima (Francesca Neri) e super protetor em relação à filha. O filme tem certa beleza, e é carregado nas costas pela atuação comovente de Orlando. Mas fica prejudicado pela falta de ousadia Tudo cheira discretamente a naftalina.

Dos 21 concorrentes ao Leão de Ouro, nove já foram apresentados. Nenhum deles parece ter forças para chegar ao prêmio principal. A seleção até aqui apresentada parece apenas mediana, para usar um termo delicado. Sempre há esperança de que melhore e o filé mignon esteja por vir.




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