Marcelinho Carioca diz: "Antes eu pensava que felicidade era ter um carro bom, era ter muito dinheiro, era ter muitos amigos no mundo". E prossegue sua confissao: "E que nada mais precisaria se tivesse mil mulheres e vestido em boas roupas, ter um cargo importante no mundo". Mas o jogador do Corinthians diz que precisa. E solta a garganta para dizer que só Jesus salva. Ele, Amaral, volante recém-contratado pelo Vasco, e outros jogadores de futebol se reuniram, há sete meses, e criaram o Divina Inspiraçao, um grupo de "pagode gospel" que acaba de lançar seu primeiro CD, o bem produzido Fonte de inspiraçao. Foi gol de placa: antes mesmo de ter qualquer música executada nas rádios, os pagodeiros de Cristo já venderam mais de 100 mil cópias do disco.

Amaral, que toca pandeiro no grupo, foi também quem batizou a banda. "Deus está sempre me inspirando", garante. Marcelinho canta em duas músicas, 'Olhos Espirituais' e 'Só Você Pode Ensinar', e é o responsável pelo repique de mao. Completam o Divina Inspiraçao Bira, do Taubaté (repique), Pelé, do Inter de Limeira (surdo) e os músicos evangélicos Eliezer (vocal) e Toninho (cavaquinho).

As músicas e o principal vocal sao de Mário Jardim, que capricha nos louvores a Deus nas letras da 14 músicas do disco, que trafegam por vários estilos de samba: em Estou alegre, que tem até seçao de metais, lembram o ritmo de Bebeto; já em Só você pode ensinar copiam descaradamente o formato meloso do Só Pra Contrariar.

No final das contas, o que conta para o grupo é dar o seu recado. "As pessoas estao sentindo a falta de Jesus hoje em dia", constata Amaral. "E todo mundo gosta de samba. Entao resolvemos levar a mensagem do Senhor às pessoas sob a forma de pagode", explica o volante do Vasco.

O marketing divino é pesado: sexta-feira, participaram de uma gravaçao do Xuxa Park, e agendaram um horário para o Domingao do Faustao. Com todo esse poder de fogo, e o apelo natural que têm dois jogadores de Seleçao Brasileira num grupo musical, nao é mesmo de surpreender que o Divina Inspiraçao já tenha vendido 100 mil cópias. "Pena que só possamos nos reunir quanto nao temos outros compromissos", lamenta Amaral.