O enredo da história de vida dos milhares de jovens atletas que tentam na Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo menos cinco minutos de fama que possam garantir uma vaga em uma equipe profissional segue quase sempre a mesma rotina: família sem muitos recursos financeiros, longas andanças para ir até os locais de treinamentos, salários baixíssimos e peregrinações por diversos clubes em busca de uma sonhada estabilidade.

Com o lateral-esquerdo Fabinho, do São Bernardo, não é diferente. Mas um detalhe deixa sua história ainda mais sofrida. Justamente quando conseguiu uma oportunidade em uma equipe de renome nacional – trocou o PSB de São Bernardo pelo Guarani de Campinas –, ele teve de abandonar a vida esportiva em busca de melhores salários – sua família passava por sérios problemas financeiros. A passagem pelo clube campineiro durou menos de dois meses e, no início do ano passado, ele retornou à casa dos pais no bairro do Grajaú, periferia de São Paulo.

“Meu padrasto descobriu que tinha câncer. A situação apertou lá em casa. Tive de voltar para ajudar minha mãe”, afirmou.

A única coisa que Fabinho sabia fazer – e bem – era jogar futebol. Sem qualquer tipo de experiência profissional e próximo da idade para o alistamento militar, tornou-se praticamente impossível conseguir um emprego fixo com carteira assinada. “O jeito era arrumar uns bicos. Qualquer coisa servia. O importante era garantir uns trocados para ajudar em casa”, diz.

Durante esse período, Fabinho não chegou nem a participar de peladas com os amigos do bairro. Evitava até jogos pela televisão.

“Fiquei desleixado. Já tinha tomado a decisão de não jogar mais futebol. Tive de esquecer tudo que tinha ficado para trás e pensar apenas em como ia ganhar dinheiro para ajudar minha família”, afirma.

Foi assim que Fabinho viveu durante mais de cinco meses, até que, em setembro do ano passado, os diretores do São Bernardo o procuraram com uma proposta tentadora: ganhar mais, voltar a jogar futebol e disputar a Copa São Paulo.