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Cuidado com o uso do xenon
Alexandre Calisto
Especial para o Diário
06/07/2011 | 07:00
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O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) restringiu desde o dia 7 de junho o uso dos faróis de xenon. A Resolução 384 impede que seja instalado no veículo a fonte luminosa de gás xenônio, exceto nos casos em que os automóveis saiam com o item de fábrica.

Em 2008, o órgão havia permitido o uso do equipamento desde que autorizado pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Além do aval, a modificação nos faróis deveria constar no CSV (Certificado de Segurança Veicular).

O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) explica que a medida adotada é para evitar o uso inadequado do equipamento. De acordo com a publicação, o xenon, quando instalado em um farol projetado para as lâmpadas convencionais, as halógenas, reflete a luz de forma diferente, causando ofuscamento aos condutores que transitam no sentido contrário. Para o oftalmologista Toufic Sleiman, integrante da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), a medida adotada pelo Contran é pertinente, pois tenta reduzir o número de instalações de xenon sem critérios. "Isso interfere na vida do motorista, atrapalha e causa cegueira momentânea", esclarece.

Segundo o oftalmologista, o farol de xenon ilumina 70% mais do que o convencional. "A luz é mais potente, o facho de iluminação é maior se comparado com o da lâmpada normal, mas se usada irregularmente causará ofuscamento para quem está vindo no sentido oposto, além de colocar em risco toda a parte elétrica do carro", acrescenta.

O problema não consiste no uso da fonte luminosa de xenônio, mas na instalação incorreta. Lázaro Moraes, gerente de desenvolvimento da Nino Faróis, fabricante de fontes luminosas, explica que o xenon tem de ser usado por veículos já preparados para receber todo o equipamento que compõe o kit de iluminação. "Se você trocar a luz, não quer dizer que o refletor, item que compõe o sistema de iluminação, irá comportar tanta claridade. É como ter o carro básico e colocar motor 3.0, não haverá pneus, freios e aerodinâmica para suportar a potência", compara. Para Moraes, a norma é clara e taxativa, ou seja, o automóvel sai de fábrica com a luz ou não.

Os veículos que tiveram os faróis instalados posteriormente e possuem o CSV podem circular normalmente até o sucateamento. O motorista que circular com automóvel em situação irregular estará cometendo infração grave, passível a multa de R$ 127,69 e cinco pontos na carteira, além da retenção do veículo. O condutor que dirigir o automóvel sem certificado não poderá mais obtê-lo e regularizar a situação.

FISCALIZAÇÃO

Moraes explica que, na Europa, é proibido o uso de lâmpadas de xenon adaptadas. Lá, fiscais barram a importação desse tipo de produto. "Se no Brasil tivéssemos um laboratório e homologador para o sistema de iluminação e órgão que fiscalizasse, não teríamos as lâmpadas adaptadas."

O advogado Marcos Pantaleão, integrante da comissão de direito viário da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, ressalta a importância da fiscalização. "Se o proprietário do veículo procurar o serviço de adaptação das luzes, ele vai encontrar. E o instalador não deixará de vender. É preciso fiscalizar, principalmente os donos dos automóveis", afirma.

Segundo Carlos Takata, gerente de desenvolvimento da Valeo, fabricante de faróis, alguns proprietários modificam a iluminação e acreditam que a mudança não vai interferir no sistema nem na segurança do veículo. "Muitos estabelecimentos não estão aptos a julgar tecnicamente a qualidade do facho de luz e, consequentemente, não realizam a instalação de forma correta."

 

Saiba as diferenças entre as fontes luminosas

As lâmpadas que compõem os faróis da maioria dos carros são halógenas e resultam em fachos de luz com menor alcance se comparados aos dos faróis de xenon, que iluminam três vezes mais.

A fonte convencional é projetada com posição, diâmetro, configuração e quantidade de luminosidade controlada diferenciadas do sistema que usa lâmpadas de xenon.

Além da visível diferença, o farol convencional possui filamentos por onde passa a energia elétrica. O xenon não possui filamentos, sendo alimentado pelo gás xenônio.

Cada dispositivo tem base específica para seu funcionamento. Lázaro Moraes, diretor de desenvolvimento da Nino Faróis, ressalta que, por fora os faróis são parecidos, mas nas partes ópticas há diferenças, que não pemitem adaptações sem a troca das bases. "Não existe lâmpada de xenon H4, H7, H1 e H3. As verdadeiras e permitidas por lei são as DR e DS.

Os proprietários que possuem xenon e não atendem à resolução devem ficar atentos, pois, além de causar ofuscamento a outros motoristas, a irregularidade pode danificar o sistema elétrico e, em situações mais extremas, até causar incêndio.

 Só fábrica tem produto original 

Com base na Resolução 384 do Contran, só os automóveis que saem de fábrica com o xenon estão liberados para circular. Os especialistas explicam que a medida adotada pelo Contran visa justamente evitar que os proprietários mudem a fonte de luminosidade sem atender às configurações de segurança, além de manter a eficácia do equipamento.

O diretor de pesquisa e desenvolvimento da fabricante de faróis Valeo, Carlos Takata, explica que, para a instalação dos faróis com gás xenônio, as montadoras utilizam computadores que projetam todo o procedimento até a finalização do equipamento luminoso.

Segundo Lázaro Moraes, diretor de desenvolvimento da Nino Faróis, para usar o xenon é necessária a distribuição correta de toda a luz para que não se torne incômoda para os motoristas do sentido contrário. "É fundamental ter estudo técnico detalhado para não colocar em risco a segurança de outros automóveis. Por isso, o item deve ser instalado nas fábricas, assim o projeto será orientado corretamente", ressalta.




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