A primeira rusga foi com o mediador do debate, promovido pela Rede Bandeirantes de Rádio e TV e o portal iG, jornalista José Paulo de Andrade. Ele ressaltou que a presença de Collor só foi garantida mediante decisao da Justiça Eleitoral e o primeiro presidente que passou por processo de impeachment na história do Brasil respondeu com veemência.

"Todos nós candidatos estamos aqui por permissao do TRE. Eu nao permito que daqui em diante o senhor volte a fazer esta afirmaçao." O jornalista rebateu, dizendo que neste dia, em especial, sua participaçao havia sido submetida ao TRE. O ex-presidente retrucou: "Isto é absolutamente normal. Num regime democrático, temos que procurar nossos direitos."

Depois de José Paulo de Andrade, o bate-boca foi com o candidato do Prona, Enéas Carneiro. Enéas questionou sobre as privatizaçoes do governo Collor, alegando que o ex-presidente entregou importantes setores do governo ao capital privado.

Collor negou as acusaçoes e alfinetou FHC. "Nunca vendi o país na bacia das almas, como faz o presidente Fernando Henrique Cardoso, que leiloa o país a preços de abacaxi ou bananas", respondeu. Quando Enéas voltou a questionar o processo na tréplica, Collor, irritado, atacou: "Nao fale bobagens".

A ofensa direta a Fernando Henrique veio com uma questao do candidato do PFL à Prefeitura de Sao Paulo, Romeu Tuma. Com grande respeito, Tuma perguntou sobre sua posiçao em relaçao ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O candidato do PRTB afirmou que é contrário a tudo aquilo que infringe as leis.

"O senhor, que foi superintendente da Polícia Federal em meu governo, sabe que sou contra tudo que é fora da lei. Isso acontece no país, porque o presidente é um 'banana', que nao coloca ordem em seu governo", declarou.

Em nova demonstraçao de impaciência, Collor desprezou Enéas Carneiro quando poderia ter feito uma pergunta ao candidato do Prona. "Ele pode falar o que quiser, deixa ele falar", disse o ex-presidente. O mediador perguntou se Collor nao iria usufruiur do direito de questionar Enéas e ele respondeu que nao. "Deixa ele falar".

Enéas aproveitou a palvara e voltou a discorrer sobre as privatizaçoes e a passagem de Collor pela Presidência. O candidato do PRTB nao fez cometários e voltou a mostrar desprezo.

Enéas Carneiro perguntou se tinha mais tempo ainda para falar e Andrade respondeu que nao. O candidato do Prona, conhecido pela fala rápida no pouco tempo que dispoe na propaganda política, respondeu sorrindo: "dêem-me três minutos e a eleiçao acaba."

Collor voltou a bater-boca com um jornalista, desta vez do Grupo Estado. Sandro Vaia, ao fazer sua pergunta, falou que era "exótico" ver o ex-presidente, que foi prefeito de Alagoas, falando sobre problemas locais da terceira maior metróploe do mundo.

O candidato do PRTB interrompeu energicamente e disse: "exótico é ver o chefe de redaçao do seu jornal matando uma repórter". Vaia respondeu que nao havia chamado Collor de "exótico" e fez a pergunta.

Homenagem - Depois do debate, Fernando Collor disse que nao havia desperdiçado uma pergunta em um debate que lutou tanto na Justiça para participar, apenas quis dar uma chance a Enéas.

"Eu dei a chance de ele complementar as idéias dele. Na verdade, eu fiz um homenagem ao doutor Enéas", afirmou.