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Posto de vacinação agora
é improvisado em galpão
Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
05/05/2011 | 07:00
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Após expor a riscos os pacientes que foram receber a vacina contra a gripe, a UBS (Unidade Básica de Saúde) Paineiras, em Diadema, aumentou o descaso no atendimento a idosos e gestantes. O improviso continua sendo a forma encontrada pelo posto para resolver o problema da falta de estrutura, conforme constatou ontem, mais uma vez, a equipe do Diário.

A imunização, que antes era feita em uma área anexa à unidade, ao lado do tapume que separa a UBS de uma obra, agora é feita no Centro Público de Diadema. O local, normalmente utilizado para atividades culturais, é um galpão localizado na rua ao lado.

Para chegar ao centro, idosos e gestantes têm de sair da unidade e andar quase 100 metros por uma calçada esburacada. Em um trecho, próximo à construção da futura UPA (Unidade de Pronto Atendimento), o passeio é tomado por tijolos, o que obriga as pessoas a invadirem a faixa de rolamento. A via é utilizada por diversas linhas de ônibus, o que aumenta o risco.

A equipe do Diário voltou à UBS por volta das 10h de ontem. Nesse momento, o atendimento ainda era feito em uma pequena sala no interior da unidade. Com o aumento no número de pessoas, funcionários orientaram os idosos e gestantes a se dirigirem ao novo local, o que gerou irritação.

A mudança também pegou de surpresa os enfermeiros, que tiveram de transitar pela rua com os materiais utilizados na aplicação das vacinas. As injeções eram transportadas em frascos de isopor, colocadas sem sacos plásticos. Após cerca de meia hora do início da mudança, os funcionários da UBS colocaram no portão de entrada do galpão uma faixa indicando o novo local de vacinação.

Por conta da greve dos servidores municipais, o atendimento odontológico oferecido pela UBS não estava sendo feito no momento da visita da equipe. A diretora da unidade, Kátia Virginia Carvalho, no entanto, afirmou que todas as salas do posto estavam sendo utilizadas. Ela se recusou a dizer o motivo da transferência dos idosos e gestantes para a rua lateral. "Não estou autorizada a dar entrevistas", disse.

Em nota, a Prefeitura afirmou que o local passa por "ampla reforma" e garantiu que as intervenções não causam prejuízo aos pacientes. Segundo a administração, são realizados 800 atendimentos por dia no local. O poder público informou também que segue as normas de segurança e assepsia estabelecidas pela Coordenadoria de Vigilância à Saúde.

A secretária de Saúde, Aparecida Pimenta, não se pronunciou sobre as más condições a que idosos e gestantes têm sido submetidos na UBS Paineiras.

 

Justiça investiga se houve erro em morte

A Promotoria de Diadema instaurou em 2009 inquérito para apurar possíveis irregularidades no atendimento prestado a uma mulher grávida que perdeu o bebê após passar pela UBS Paineiras. O caso ocorreu em abril de 2004, quando Angélica da Conceição, na ocasão com 30 anos e grávida de nove meses, sentiu dores abdominais e passou por consulta na unidade.

A mulher foi atendida pelo médico Williams Barra. Segundo os documentos, Barra apalpou a barriga de Angélica e a liberou em seguida, dizendo que as dores foram motivadas por ‘ansiedade'. A contragosto, a grávida voltou para sua casa.

De madrugada, por volta de 2h, Angélica voltou a sentir fortes dores, o que a fez chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). As equipes médicas chegaram ao local apenas às 8h, quando verificaram que o coração do bebê já não batia.

Encaminhada para o Hospital Municipal de Diadema, a mulher fez o parto do natimorto. As complicações não pararam por aí. Após três dias, ela teve uma forte infecção no útero, que teve de ser extraído.

No processo, a Prefeitura se defendeu questionando se a paciente havia feito os exames pré-natais com regularidade. A administração afirmou também que não teria como diagnosticar que a mulher estava em trabalho de parto "com três contrações a cada dez minutos com duração de 40 a 60 segundos".

O laudo do perito médico Mauro Rozman aponta que Angélica compareceu a pelo menos sete consultas do pré-natal e que, durante o atendimento na UBS, ela deveria ser submetida a um exame completo, que exigiria "medida da altura uterina, avaliação do feto e toque".

Em junho de 2010, um ofício assinado pelo promotor substituto Alexandre Castilho solicitava reformas na UBS em 30 dias.




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