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CPI deve investigar José Gerardo sobre lavagem de dinheiro
Do Diário do Grande ABC
24/12/1999 | 10:35
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Após o período de recesso do Congresso Nacional, a CPI (Comissao Parlamentar de Inquérito) do Narcotráfico vai investigar a possibilidade de o ex-deputado estadual do Maranhao, José Gerardo de Abreu, ter usado as contribuiçoes financeiras para sua campanha eleitoral como uma forma de lavar dinheiro.

José Gerardo está preso no Maranhao e é acusado pela CPI de integrar o esquema de crime organizado no estado, além de ser citado como possível mandante de pelo menos dez assassinatos. A CPI do Narcotráfico acusa José Gerardo de ser um dos cabeças de uma quadrilha de roubo de cargas de caminhao e tráfico de drogas.

Segundo as investigaçoes da CPI, Gerardo fazia parte de uma quadrilha que atuava em vários estados do Norte e do Nordeste e que tinha também como um dos seus integrantes o ex-deputado Hildebrando Pascoal (AC) e o ex-deputado estadual maranhense Francisco Caíca. A CPI ainda investiga se o deputado federal Augusto Farias (PPB-AL) também tem relaçoes com esse grupo. No mês passado, José Gerardo foi cassado pela Assembléia Legislativa do Maranhao, sem nenhum voto a seu favor. Antes, ele já tinha sido expulso de seu partido, o PPB.

Segundo dados levantados pelo Tribunal Superior Eleitoral, o ex-deputado José Gerardo gastou em sua campanha eleitoral do ano passado um total de R$ 283.174,59, conforme prestaçao de contas junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Maranhao. A CPI avalia que esse valor é muito alto para os padroes locais. José Gerardo já era deputado estadual conhecido no Maranhao, buscava seu sétimo mandato, tinha suas bases eleitorais solidificadas e, portanto, nao precisaria gastar grandes somas para assegurar uma nova reeleiçao. Além disso, José Gerardo registrou-se como autor de doaçoes oficiais para sua campanha.

Ao todo, José Gerardo fez 36 doaçoes em dinheiro para sua própria campanha, sendo a maior delas de R$ 35.391,35. Mas existem diversas outras com valores elevados: duas de R$ 30 mil, três de R$ 20 mil, duas de R$ 15 mil, entre outras. A suspeita da CPI é que esses valores possam ter sido incluídos como doaçoes justamente para esquentar dinheiro obtido com as atividades do crime organizado.

Os gastos de José Gerardo ficam mais exagerados ainda para os padroes normais de uma campanha eleitoral se comparados aos de outros políticos. Se o ex-deputado maranhense gastou mais de R$ 283 mil em sua campanha, o ex-deputado Hildebrando Pascoal nao precisou mais do que R$ 5 mil para fazer sua campanha para deputado federal pelo Acre, pois este foi o valor declarado por ele ao TRE do seu estado.

O deputado José Aleksandro da Silva (PFL-AC), suplente de Hildebrando e que está ameaçado de cassaçao por suspeita de crime eleitoral, usou um pouco mais em sua campanha. Ao todo, foram R$ 20.963,66, doados por ele.

Mesmo disputando uma eleiçao muito acirrada em Alagoas (sao apenas nove vagas), o deputado Augusto Farias nao precisou gastar mais do que R$ 60.781,13 na sua campanha, quase cinco vezes menos do que José Gerardo precisou. Até mesmo Francisco Caíca, cassado e preso como José Gerardo, usou muito menos na sua eleiçao para deputado estadual no Maranhao. Ao todo, Caíca gastou R$ 22 mil, também doados por ele.

Comparadas as duas prestaçoes de conta, Caíca poderia ter feito 13 campanhas eleitorais com o dinheiro gasto por José Gerardo.




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