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Aluno de 15 anos tem perda parcial da visão após briga na escola

Jovem teve olho atingido por bola feita com massa dentro da sala de aula em Diadema

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
17/08/2013 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


O estudante Eudes Bispo Gomes da Silva, 15 anos, aluno do 9º ano da EE Professor Pedro Madoglio, localizada no Jardim Inamar, em Diadema, está impedido de ler livros de ficção, uma das suas paixões. O jovem teve perda parcial da visão e ainda sofre as consequências de ter sido atingido por uma bola de massa usada em vidros, arremessada por um colega de sala durante a aula de Ciências.

“Foi a dor mais intensa que já senti em toda a minha vida”, revela o jovem. Apesar de a confusão ter acontecido há uma semana, a cena ainda está recente na memória de Eudes. Segundo ele, a turma estava dividida em grupos para uma atividade quando um conflito entre dois adolescentes resultou na agressão, ainda que de forma indireta. “A massa tinha o tamanho de uma bolinha de pingue-pongue e já estava endurecida, depois de removida da janela”, explica.

A pancada causou hemorragia na retina, inflamação no olho e, apesar de estar recente, já é possível dizer que resultou em perda parcial da visão, de acordo com o oftalmologista Fernando Zeitounian. O especialista atendeu Eudes no PS (Pronto Socorro Central) de São Bernardo, onde o jovem faz acompanhamento médico. “Ele não vai ficar cego, mas podemos dizer que é um quadro grave e que não pode ser corrigido com óculos”, explica.

Os reflexos da lesão ainda atormentam Eudes, que faz uso de quatro tipos diferentes de colírio e dois tipos de remédio diariamente. “Ainda não consigo enxergar nada com o olho esquerdo, tenho sensibilidade à luz e dificuldade para dormir e para comer, por causa da dor”, observa. O principal desejo do aluno é retomar a leitura de um dos exemplares que integram sua coleção de livros. “Amo ler. Gasto toda minha mesada na livraria perto de casa, onde já sou cliente fidelidade”, revela o jovem.

De acordo com o oftalmologista, o estudante já pode voltar para a escola, no entanto, levará cerca de 90 dias até que ele esteja completamente adaptado à nova realidade. destaca Zeitounian. Eudes terá pequenas restrições, como o comprometimento da escolha de profissões que exigem visão perfeita.

Eudes mudou-se com a família, a mãe e duas irmãs mais velhas, para Diadema há cinco anos, devido ao falecimento do pai, em 2008, na cidade de Calmon Viana, na Bahia. “Ele sempre foi um bom aluno. Só recebo elogio dos professores. Agora ele está com medo de voltar para a escola, apesar de todos os amigos dele estarem lá”, lamenta a mãe do jovem, a dona de casa Idaci Bispo Gomes, 45.

Mãe cobra esclarecimentos da instituição

Para a mãe do jovem, a dona de casa Idaci, o sentimento ainda é de revolta. “Não entendo como isso pode ter acontecido dentro da sala de aula e o professor não ter visto”, comenta. A principal reclamação é o fato de a direção da escola não ter acionado a polícia no momento do ocorrido. “Parece que a escola protege o agressor e não dá apoio à vítima. Se não houver uma atitude, todos os alunos continuarão a correr esse mesmo risco”, diz.

A família registrou boletim de ocorrência no 4º DP (Inamar) como lesão corporal e já levou o caso ao Conselho Tutelar 1 de Diadema, responsável pela região onde está localizada a escola. De acordo com Idaci, o conselheiro indicou um psicólogo para atender Eudes e agendará conversa com o menor agressor para mediar o conflito.

Idaci comenta ainda que procurará ajuda de um advogado para que ele auxilie no caso. “Mesmo que a bola tenha atingido Eudes acidentalmente, o garoto que jogou queria atingir alguém, por isso, agiu de má-fé”, acredita a mãe.

A Secretaria de Estado da Educação classificou o ocorrido como um acidente e informou que a Diretoria Regional de Ensino de Diadema tomou todas as providências cabíveis na data da ocorrência, como o acionamento do socorro e acompanhamento do estudante durante o atendimento médico.

Além disso, a Pasta destacou que entrará em contato com a família para agendar uma reunião e se coloca à disposição tanto da mãe do jovem atingido quanto da Justiça e do Conselho Tutelar para os esclarecimentos necessários.  




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