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A inesquecível leveza dos seres

Houve outro debate entre candidatos a governador de São Paulo

Carlos Brickmann
18/08/2010 | 00:00
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Há quem acredite, como a excelente blogueira Maria Helena R.R. de Sousa (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/), que um dos itens imprescindíveis para um candidato é ser chato. Engano dela: em que outro ambiente, exceto o de campanha, poderíamos ver certas cenas divertidas e ouvir certas frases?

1 - Houve outro debate entre candidatos a governador de São Paulo. De novo, dois carecas distribuindo cuidadosamente os poucos fios que lhes restam para ocultar a calvície, outro que pinta o cabelo de acaju-choque para ocultar a cabeça grisalha Tudo igual? Não: Aloizio Mercadante, candidato do PT, enfiou a cabeça com força no santantônio de uma pick-up e ostenta inocultável talho na careca.

2 - Houve um debate entre candidatos a vice. Indio da Costa, vice de Serra, voltou a seu tema único: a ligação entre o PT e as Farc, a guerrilha narcotraficante da Colômbia. Michel Temer, vice da chapa situacionista, disse que seu relacionamento "com a presidente Dilma" é de muita cordialidade. Justo Temer, respeitadíssimo professor de Direito Constitucional, dispensando as formalidades constitucionais e decidindo a eleição sem que sequer um eleitor já tenha votado!

3 - Frase de Paulo Skaf, o patrão dos patrões, presidente da Fiesp, explicando por que é do Partido Socialista: "Todo empresário moderno é socialista". A imprensa é tão boazinha que nem lhe perguntou o nome de dez teóricos socialistas.

4 - Os bairros elegantes de São Paulo estão cheios de cavaletes com cartazes de Paulo Skaf e Marcelinho Carioca. Só falta explicar a um quem é o outro.

QUERER...
Fábio Feldmann, candidato de Marina Silva ao governo paulista, garante que o PV tem condições de eleger 18 deputados por São Paulo. Pode ser verdade - só que não em uma, mas em três ou quatro eleições. Afinal, tudo é possível.

...É PODER
Feldmann não deveria empolgar-se tanto. Quem pode dizer essas coisas é o senador Mercadante, que depois, sem problemas, resolve revogar o que disse.

AGORA VAI
As pesquisas mostram forte queda de Serra, mas ele se prepara para subir de novo. Na propaganda de TV, lança sua arma secreta: é chamado também de Zé.

ABRINDO OS CÉUS
Há defensores, em áreas do governo e da oposição, da política de céus abertos: permitir a empresas estrangeiras a operação no Brasil até em voos domésticos. A criação da LATAM merece ser analisada também por esse ponto de vista.

LAN BRASILEÑA
Está bem, está bem. A Antarctica se associou à Brahma, a Sadia se associou à Perdigão, a Gamecorp do Lulinha se associou à Oi. Nenhuma empresa comprou a outra, tá? Então, fica combinado que a TAM se associou à Lan Chile, sendo que os chilenos têm o dobro das ações. Só que parece haver um engano no nome da empresa brasileira resultante da associação. Não é, ou não deveria ser, LATAM. O correto seria La TAM - em espanhol, a língua dos novos controladores.

O LEGAL QUE É ILEGAL, OU ERA
Pela lei, uma empresa brasileira de aviação pode ter sócios estrangeiros, até o limite de 20% do capital. Se a TAM passa a pertencer à LATAM, se a LATAM tem maioria chilena, como será cumprida esta lei? Se bem que isso não tem qualquer importância: quando Brasil Telecom e a Oi se associaram, era ilegal, mas o governo providenciou tudo o que foi preciso para legalizá-la. Lembrando a frase atribuída a Getúlio Vargas, "para os amigos, tudo; aos inimigos, a lei".




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