Nem sempre um veículo recém-lançado tem vida fácil. Novidades são sempre atraentes, mas o custo-benefício nunca deve ser deixado de lado. Assim, comparar o novíssimo Citroën Aircross com a veterana Palio Adventure não é tão simples quanto parece. Mas neste teste o conjunto do monovolume de origem francesa o levou a bater a robustez da perua da montadora de origem italiana.

Se o leitor olhar atentamente o quadro abaixo, vai perceber que a versão intermediária GLX do Aircross custa quase o mesmo que a Palio Adventure Locker - os dois modelos foram cedidos para avaliação do Diário. O primeiro é oferecido a R$ 56,4 mil enquanto o segundo é cotado a R$ 55.890.

A pequena diferença seria uma vantagem para o recém-lançado da Citroën sobre o decano da Fiat. Seria, não fosse a lei do mercado, onde a Adventure Locker já pode ser encontrada por até R$ 52 mil, ainda equipada com opcionais que custariam cerca de R$ 1.500.

O Aircross, que está chegando às lojas, vai se deparar com essa dura realidade. Qual a margem financeira que terá para enfrentar ataques da concorrência só a Citroën sabe dizer. A marca espera vender 2.000 unidades/mês. Não será fácil.

Questões mercadológicas à parte, os dois modelos têm no espaço interno e no estilo aventureiro seus apelos de compra.

Internamente, o Aircross leva vantagem no habitáculo, embora a Palio Adventure tenha porta-malas maior: 460 contra 403 litros. Mais alto (1,75 m ante 1,65 m), o monovolume da Citroën dá mais liberdade de movimentos aos ocupantes.

O engraçado é que a versão GLX roubou da Aventure a ideia dos três instrumentos localizados no centro do painel - bússola e os dois inclinômetros. Pelos gráficos, a cópia ficou melhor que o original.

Com motor 1.8 e 132 cavalos (etanol) a 5.800 rpm e torque de 14,6 mkgf (e) a 4.500 rpm, a Adventure tem desempenho bem superior ao do Aircross, equipado com propulsor 1.6 16 V. Com 113 cavalos (e) a 5.800 rpm e torque de 18,9 mkgf a 4.500 rpm, o Citroën não desperta muitas emoções - apenas cumpre o trivial.

Para quem gosta do estilo, os dois carros têm design interessante por fora. Enquanto a Fiat apela mais para apliques de plástico nas laterais, a Citroën vai de adesivos. Na Palio, o rack recobre quase todo o teto, enquanto no adversário o trabalho é mais discreto e criativo - a peça de alumínio avança desde o para-brisa.

Ambos têm boa altura em relação ao solo - ampliada também pelos pneus de uso misto. Semelhanças e diferenças à parte, não foi desta vez que um recém-lançado perdeu a disputa para um veterano.