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Caixa RS oferece crédito a empresas
Por Niceia de Freitas
Enviada a Caxias do Sul
29/10/2004 | 09:43
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A CaixaRS, órgão de fomento do Rio Grande do Sul, em conjunto com o IGEA (Instituto Gaúcho de Estudos Automotivos) lançou uma linha especial de financiamento para atrair empresas de qualquer local do país que tenham interesse em investir na cadeia automotiva daquela região. O Prodeuato (Programa de Desenvolvimento da Cadeia Automotiva) foi apresentado durante a 13ª edição da Mercopar 2004, feira de subcontratação e integração industrial, que termina nesta sexta no pavilhão de exposições da Festa da Uva, em Caxias do Sul.

O objetivo do Prodeauto é apoiar financeiramente investimentos voltados ao aumento da capacidade produtiva, capacitação tecnológica e garantia da qualidade em linhas de produtos das empresas fornecedoras. Cerca de 90% dos recursos são do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e 10%, próprios.

Segundo o diretor vice-presidente da CaixaRS, Rogério Augusto de Wallau, também é possível criar parcerias. "Se empresas de outras regiões com forte concentração de um pólo metalmecânico, por exemplo, como o nosso (em Caxias do Sul) domina uma tecnologia que não conhecemos é uma oportunidade para ampliar sua capacidade aqui", comentou.

A meta do programa é atender 100% da demanda, com o apoio da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) e Senai, e aumentar de 28% para 50% a participação de fornecedores gaúchos nas compras das montadoras instaladas no Estado (Rio Grande do Sul).

Segundo o presidente da CaixaRS, Dagoberto Lima Godoy, a viabilidade do projeto está no fato de não possuir os entraves do mercado financeiro tradicional, principalmente em relação às garantias. "Em geral, o mercado exige garantias que as pequenas empresas não têm condições de atender, o que acaba travando a possibilidade de conquistar o crédito", comentou.

Para a linha Sistemas Integrados de Produção, a garantia vai se dar de acordo com um contrato entre a empresa fornecedora e a compradora, ou seja, esse processo que vai viabilizar o financiamento. "Abrimos um novo espaço no mercado de fomento, o que é inovador no país", acrescentou Godoy.

Uma outra linha, chamada Elos da Cadeia Produtiva, atende empresas cadastradas pelo IGEA, com todas as linhas de crédito do BNDES, em condições especiais de financiamento e de atendimento.

Para Godoy, a parceria entre CaixaRS e IGEA significa enxergar a atividade industrial como parte de um sistema ou de um APL (Arranjo Produtivo Local). "As empresas de pequeno e médio porte têm talento e condições de ingressar na cadeia automotiva como fornecedora de uma empresa maior, porém, precisam investir e não conseguem acesso a recursos no sistema financeiro tradicional", explicou Godoy.

A função do IGEA será identificar as dificuldades dentro da cadeia automotiva. Segundo dados do Instituto, sistemistas (autopeças instaladas dentro da planta da General Motors, em Gravataí-RS) importam de outros locais 70% de componentes utilizados na produção, equivalente a US$ 3 bilhões por ano. Desse volume, 80% vêm de outros Estados brasileiros e 20% do exterior.

Segundo Godoy, as instituições do Sul também promovem outras linhas de financiamento para incentivar cadeias produtivas. Uma outra em vigor é a de base florestal, a partir da plantação de eucalipto e pinus, que são matérias-primas da indústria moveleira e de celulose. A meta desse programa é fomentar até 2006, R$ 150 milhões em um total de 200 projetos a serem implementados.

Perfil - Município com o melhor Idese (Índice de Desenvolvimento Socioeconômico do Rio Grande do Sul), Caxias do Sul é também cidade pólo do APL metalmecânico da Serra Gaúcha, que reúne cerca de duas mil empresas, com especialização automotiva. São formadas por um parque industrial que tem como carro-chefe a produção de autopeças que fornecem para as montadoras. Nesse universo há também empresas de máquinas, equipamentos, material de transporte, forjaria, fundição, zincagem e prestação de serviços ligados ao setor. A região também é sede da Marcopolo, que produz ônibus e se prepara para instalar uma fábrica de componentes na China. Outra grande, a Randon, tem parcerias multinacionais.

O setor metalmecânico emprega 30 mil trabalhadores e exporta 20% da sua produção. O PIB (Produto Interno Bruto) de Caxias, de R$ 5 bilhões, equivale a 5,41% do PIB do Rio Grande do Sul, segundo dados da FEE/RS (Fundação de Economia e Estatística), vinculada ao governo estadual.

A jornalista viajou a convite do Sebrae-RS e do Hannover Fairs




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