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Eleitos apostam em metroagência para desenvolvimento da região
Fabrício Calado Moreira
Leandro Cervantes e
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
28/11/2004 | 14:00
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Os prefeitos eleitos do Grande ABC ouvidos pelo Diário receberam com entusiasmo a possibilidade de criação de conselho, agência e fundo para enfrentar os problemas dos 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo. A maioria deles afirma que a iniciativa não vai ofuscar a atuação do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, que desde 1990 cuida do planejamento de sete dos 39 municípios. Os prefeitos e lideranças petistas ressaltaram que se o governador Geraldo Alckmin (PSDB) efetivamente colocar a idéia em prática e enviar o projeto de lei para a Assembléia Legislativa, estará atendendo tardiamente uma antiga reivindicação da região.

Embora apóie a criação da instituição metropolitana, o prefeito eleito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), é a voz dissonante entre os futuros administradores. Ele faz um alerta: "me preocupa o papel que será exercido pelo Consórcio Intermunicipal no momento em que o governador cria uma instância metropolitana de gestão, com personalidade jurídica e recursos próprios. Nós teríamos de dar as cartas, ficar à frente do processo e não ir a reboque. O Consórcio Intermunicipal deveria ser complementar a esse novo organismo, mas percebemos que estamos muito atrás", disse Auricchio.

Sucessor de Luiz Olinto Tortorello (PTB), apontado como o prefeito mais afastado do Consórcio, Auricchio afirma posicionamento totalmente diferente: "Temos claro interesse em participar", afirmou.

Prefeito eleito de Ribeirão Pires, ex-deputado estadual e federal, Clóvis Volpi (PV) afirma que um organismo não anula o outro. "Acho que a Agência não vai ofuscar o Consórcio. Entendo que o Grande ABC tem de ter uma atuação individualizada porque é uma região muito forte, preparada. Embora haja alguma concorrência, os dois organismos serão complementares. Temos uma grande experiência que não pode ser desprezada", afirmou.

À frente da maior cidade da região, com orçamento de R$ 1,3 bilhão, o prefeito de São Bernardo, William Dib (PSB), aliado do governador, afirma que a proposta pode ser muito bem-vinda. "Os problemas da região metropolitana têm muita coisa em comum, como enchentes, saneamento e transportes, que (são problemas que) às vezes envolvem mais de uma secretária. Se bem usado, é um grande instrumento de governo no sentido de encontrar soluções e formar parcerias", disse William Dib.

Reeleito em Santo André, João Avamileno (PT) coloca em dúvida a real intenção do governo paulista de criar um organismo voltado ao planejamento metropolitano, antiga reivindicação dos prefeitos do Grande ABC. "Só espero que seja uma proposta para valer, com ampla discussão entre os municípios, para que seja implementado de maneira democrática e representativa. Os próprios prefeitos petistas da região metropolitana já estavam se adiantando e estamos agendando para breve uma reunião para discutir planos de atuação e propostas comuns à Grande São Paulo", disse João Avamileno.

O vice-prefeito de Diadema, Joel Fonseca (PT), lembrou a necessidade de que o organismo concentre "vontade política de os os envolvidos, independentemente de partidos políticos". O prefeito eleito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB) foi mais uma vez fiel ao estilo tucano. "Acredito que todas as iniciativas são boas, mas precisam ser analisadas. É uma idéia boa, mas não se faz algo assim de um dia para o outro, tem que se estudar".

Factóide– O assessor da presidência do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Marcos Bandini, afirmou que a proposta de criação de um organismo metropolitano de planejamento atribuída ao governo estadual "é um factóide". Ele questionou: "Eu não vi nenhum projeto ainda, você viu?". O assessor afirmou que "a proposta de criação deste organismo metropolitano é perseguida há tempos pelos prefeitos do Grande ABC. Para ele a nova instituição não anularia o papel do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. "O governo estadual tem a faca e o queijo na mão, mas essa é uma proposta ainda sem nenhuma discussão. Os prefeitos do Grande ABC não receberam sequer um telefonema sobre o assunto", afirmou.




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