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'Justiceiros' assumem morte de adolescentes
Javier Contreras
Do Diário do Grande ABC
09/06/2001 | 01:08
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O duplo homicídio dos adolescentes Marcos Vinícius Silva de Oliveira, 15 anos, e Cícero de Souza Lima, 16, encontrados próximos à estrada do Matarazzo, Parque Turmalina, no Riacho Grande, foi solucionado pela equipe de investigadores do 4º DP de São Bernardo nesta sexta à tarde. Ambos os adolescentes foram mortos com vários tiros de espingarda caseira, estilo carabina. Um dos assassinos justificou as mortes dizendo que era “um trabalhador honesto”.

O corpo de Marcos foi encontrado pela polícia em meio a um matagal no fim da tarde de terça-feira, dia dos assassinatos (eles foram mortos por volta das 6h). Cícero estava desaparecido desde esse dia, mas seu corpo foi descoberto na tarde desta sexta em uma cova rasa a cerca de 500 m de onde foi encontrado o corpo de Marcos.

Outro adolescente presente no momento dos crimes, A.M.S., 16 anos, levou um tiro no pescoço, mas conseguiu sobreviver ao se esconder no mato e depois fugir para a casa de parentes.

Os autores do assassinato – o lavador de carro Marco Antônio de Araújo, 29 anos, o ajudante José Pinheiro de Oliveira, 21, e o aposentado Atanásio Dias de França, 53, todos vizinhos em uma rua próxima aos locais onde os corpos foram encontrados, foram presos na manhã desta sexta após quatro dias de investigações e indicaram onde o corpo havia sido enterrado.

Dos três, apenas França negou que houvesse atirado nos adolescentes. “Só acompanhei o que aconteceu. Nem arma eu tenho”, disse. No entanto, além dos depoimentos dos indiciados – que também o acusaram –, uma testemunha o reconheceu, assim como a Marco Antônio.

Três espingardas foram encontradas na casa de Marco Antônio. A perícia verificará se foram as armas utilizadas nos crimes.

Segundo os indiciados, o motivo que levou os três a cometerem os assassinatos foram os roubos rotineiros que os três adolescentes faziam nas casas no bairro. Segundo eles, havia meses que os garotos roubavam fiação elétrica e telefônica para vender no ferro-velho.

Os três disseram que tiveram prejuízo de mais de R$ 1 mil em fiação. O detalhe é que as duas vítimas foram amarradas, antes de morrer, com fios de cobre. “Eles não paravam de roubar havia meses. Sou um trabalhador honesto e tive de trabalhar um bocado para pagar a fiação. Não era justo o que eles faziam com nossas famílias”, disse o ajudante, que ainda confessou ter atirado somente em Marcos, enquanto o adolescente estava ferido e caído no chão.

Pinheiro ainda afirmou que, no dia do crime, eles flagraram os três roubando a fiação de uma casa. “Depois de todos os roubos, armamos uma tocaia para eles. Como tentaram fugir, acabamos atirando e deu no que deu”.




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