Economia Titulo Indústria
Montadoras retrocedem a 2003

Em novembro, saíram das linhas de montagem
brasileiras 176 mil veículos, volume de 12 anos atrás

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
05/12/2015 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


A produção de veículos no País no mês passado foi a menor para novembro desde 2003, quando o setor montou 161,5 mil unidades. As empresas fabricaram 176 mil automóveis, picapes, caminhões e ônibus, 33% menos que no mesmo período de 2014, de acordo com dados divulgados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Com isso, no acumulado dos primeiros 11 meses do ano, a indústria somou 2,287 milhões de veículos fabricados, retornando ao patamar de 2006 – quando saíram das linhas de montagem 2,226 milhões de unidades.

O volume de produção diminuiu em novembro: foi 14% menor do que o de outubro, mas isso não foi suficiente para reduzir de forma expressiva os estoques. Há 53 dias, o total de carros parados nos pátios e nas concessionárias representava 53 dias para desova. Em novembro passou a 50 dias. Ainda é muito, já que, de acordo com especialistas, o ideal seria o equivalente a 25 dias de estoque.

A situação do setor é crítica – as vendas no ano até novembro estão 25% menores na comparação com mesmo período de 2014 –, mas, pelo menos, parou de piorar, avalia o presidente da Anfavea, Luiz Moan.

Isso porque os números da média diária de vendas nos últimos dois meses (em torno de 9.600 carros comercializados) mostra estabilidade em relação aos do terceiro trimestre, após quedas sucessivas ao longo do ano. Segundo Moan, a perspectiva é de início de retomada do mercado no fim de 2016.

O dirigente assinala ainda que o setor, embora tenha voltado aos níveis de produção de 2006, está com patamar de emprego de novembro de 2009 – quando o segmento contava com efetivo de 123 mil pessoas (incluindo montadoras e fabricantes de máquinas agrícolas). Atualmente a indústria reúne 132,1 mil postos de trabalho – 115 mil nas produtoras de veículos – e tem cerca de 46 mil pessoas com alguma restrição, como lay-off, adesão ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego) ou em férias coletivas.

A estabilização, no entanto, não se verificou no caso do segmento de caminhões, que teve forte baque nas vendas em novembro – queda de 18% em relação a outubro – que fazem com que, no acumulado do ano até agora, a retração chegue a 46,5%.

O resultado em 11 meses (66 mil veículos vendidos) também é o pior desde 2003. As montadoras, com isso, diminuíram o ritmo de fabricação: a produção no período (cerca de 71 mil unidades) é mais fraca desde 2002.

O impacto é ainda mais forte no caso dos caminhões pesados, que registram queda de 60% nas vendas neste ano frente aos mesmos 11 meses de 2014. “Em novembro, tivemos a surpresa de o CMN (Conselho Monetário Nacional) antecipar o fim do PSI para 30 de novembro”, afirma o vice-presidente da Anfavea, Luis Carlos Moraes. O PSI-Finame era a principal linha de crédito do setor de veículos comerciais, com mais de 80% das compras feitas por essa modalidade, por causa dos juros reduzidos (em torno de 15% ao ano).

CRISE POLÍTICA

Questionado se a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) pode atrapalhar a retomada do mercado, Moan disse, sem entrar no mérito desse processo, que é preciso resolver rapidamente as questões políticas, que vêm atrapalhando a economia.

A Anfavea participou de ato na quinta-feira, junto com as centrais sindicais e outras entidades empresariais e da sociedade civil, para divulgar manifesto, a ser entregue à presidente e ao Congresso, pedindo ações urgentes para a retomada do desenvolvimento e solicitando o retorno rápido de investimentos em infraestrutura, além da adoção de políticas de fortalecimento econômico do País, para o incremento dos níveis de consumo, emprego, renda e direitos sociais. 




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