Nove pilotos chegando ao final, motores estourando, carro capotando, um segundo colocado batendo sozinho e chamando o adversário de “filho da p...”, um líder sendo acertado por trás durante o safety car... O GP de Mônaco teve de tudo, mas um vencedor que parecia não fazer parte do scritp de uma verdadeira corrida maluca, como foi a sexta etapa do Mundial de Fórmula 1. Jarno Trulli, da Renault, foi o verdadeiro Peter Perfeito, para ficar com a imagem de um dos personagens do famoso desenho animado dos anos 70. Notório azarado, desta vez nada deu errado para ele.

O italiano venceu pela primeira vez na F-1, largando da pole, no 117º GP de sua carreira iniciada em 1997 na Minardi. “Tirei um peso das costas, sem dúvida. É maravilhoso conseguir a primeira vitória, mais ainda numa pista como Mônaco. Mas nada vai mudar na minha vida. Serei sempre o mesmo. É apenas uma pequena satisfação.”

Trulli é um sujeito diferente. Pinta os cabelos, usa sapatilhas brancas, faixa amarrada nos cabelos, uma chuquinha no alto da cabeça. Mas, domingo, mostrou ser também um vencedor – o 95º na história da categoria. “Eu sabia que um dia viria. Demorou muito, mas veio. Sempre lutei por isso e, mesmo nos momentos ruins, tentei ser forte e perseverante.”

Foi apenas o quarto pódio da carreira de Jarno – que, nas ruas de Monte Carlo, nem precisou lutar tanto para ganhar. Saltou na frente na largada; estava na frente quando estourou o motor de Takuma Sato, que provocou um acidente entre Fisichella, que capotou, e Coulthard; fez suas paradas nas horas certas e, num dos raros momentos em que perdeu a liderança, viu de camarote o pastelão do dia: Schumacher liderando, atrás do safety car, sendo acertado dentro do túnel pelo retardatário Montoya.

O carro de segurança estava na pista porque Alonso, companheiro de Trulli, havia batido também no túnel quando colocaria uma volta em Ralf Schumacher. Foi do espanhol que partiu o “hijo de p...” supracitado, já traduzido. Ele ficou doido com Ralf, que fez o estilo “não tô nem aí” para o episódio. Jarno disse que achou o acidente entre Schumacher e Montoya “estranho”, mas não tão inesperado. “Eu estava atrás deles e vi que o Montoya ficava muito perto, os dois estavam colados. E naquela de acelerar e brecar para aquecer os freios. Eu não faço isso, sempre deixo uma distância para quem está na frente. Pensei na hora: eles vão bater. E bateram mesmo.”

Com Michael fora da briga, Trulli teve menos trabalho ainda para ganhar. “Eu estava com a corrida sob controle, foi o meu fim de semana”, disse. Schumacher ainda faria uma parada dos boxes depois da saída do safety car, mas no máximo lutaria pelo segundo lugar. Jenson Button, da BAR, acabou ficando com a posição e recebeu a bandeirada menos de meio segundo atrás do italiano. “Eu sei que aqui não passa, mas tinha de tentar”, falou o inglês.

O pódio foi completado por Rubens Barrichello, quase uma volta atrás dos dois líderes. Mais dois brasileiros pontuaram, Massa em quinto, Da Matta em sexto. Schumacher teve uma série de cinco vitórias seguidas interrompida e a chance de estabelecer novo recorde foi por água abaixo.

Confira o resultado final do GP de Mônaco:

1-Jarno Trulli (ITA/Renault)
2-Jenson Button (ING/BAR-Honda)
3-Rubens Barrichello (BRA/Ferrari)
4-Juan Pablo Montoya (COL/Williams-BMW)
5-Felipe Massa (BRA/Sauber-Petronas)
6-Cristiano da Matta (BRA/Toyota)
7-Nick Heidfeld (ALE/Jordan-Ford)
8-Olivier Panis (FRA/Toyota)
9-Zsolt Baumgartner (HUN/Minardi-Cosworth)
10-Ralf Schumacher (ALE/Williams-BMW)

Confira como ficou o Mundial de F-1:

1-Michael Schumacher-50 pontos
2-Rubens Barrichello-38
3-Jenson Button-32
4-Jarno Trulli-31
5-Jan Pablo Montoya-23
5-Fernando Alonso-21
7-Ralf Schumacher-12
8-Takuma Sato-8
9-Felipe Massa-5
10-David Coulthard-4
11-Cristiano da Matta-3
12-Giancarlo Fisichella-2
13-Nick Heidfeld-2
14-Olivier Panis-1
15-Kimi Raikkonen-1
16-Mark Webber-1