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Site bizarro mostra fotos de necropsias no IML de Santo André
Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
20/01/2007 | 20:42
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Fotos de cadáveres sob tutela do IML (Instituto Médico-Legal) de Santo André foram parar em um site de bizarrices na internet (assustador.com.br). Em meio a imagens de autenticidade questionável, como de fantasmas e extraterrestres, a página mostrava pessoas posando ao lado dos corpos abertos dentro das dependências do IML. O diretor do órgão, o médico-legista Vladimir Reis, aparece em duas fotografias – uma de frente e outra de costas. Ele diz que as fotos foram roubadas e que se sente traído.

Reis, ex-professor universitário, confirma que faculdades costumam fazer visitas ao IML. “Mas eles não podem fotografar, tocar, apenas assistem à necropsia. Isso, se realmente aconteceu, deve ser maldade. Eles devem ter fotografado com celular, com máquina pequena”, alega o legista. Diante da denúncia, o médico proibiu visitas de estudantes ao IML, marcou reunião com os funcionários e instaurou sindicância para apurar quem registrou e divulgou o material ilícito. Ele também fará boletim de ocorrência como usurpação de trabalho público.

Em uma das cenas, um jovem sorridente segura pedaços de tecidos humanos. Abaixo dele, um corpo aberto. Advogados consultados pelo Diário afirmam que, se há ridicularização dos mortos, o caso pode se enquadrar como vilipêndio, que prevê pena de um a três anos de reclusão. O criminalista Francisco Lúcio França, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) diz que, para que haja a veiculação desse tipo de material, é necessária prévia autorização da família. “Senão, existe o crime de violação de cadáver. Além disso, há o direito de imagem dos mortos e direito dos herdeiros, que podem entrar com ação por danos morais”.

A página está registrada no nome de Gilson Cariry Campos, morador do Recife (PE). O site tem grande alcance. Dados desatualizados, de fevereiro de 2004, contabilizam 16.899.217 visitas em um mês. No Orkut, há várias comunidades, com milhares de integrantes, que discutem conteúdo da homepage. A página tem fins lucrativos e cobra R$ 200 por dia por um pop up (informe publicitário que aparece assim que o visitante abre a tela).

O proprietário do Assustador não respondeu, entre outras questões, quem disponibilizou as imagens de corpos no IML de Santo André. As fotos foram retiradas do ar assim que Gilson Campos foi procurado pela reportagem. Mas permaneceram na rede cenas que mostram órgãos sexuais de cadáveres, mutilações e corpos de pessoas conhecidas, como o do coronel Ubiratan Guimarães, assassinado recentemente.

“O processo de retirada de fotos é simples. Caso alguém solicite, seja ele parente ou amigo, o fazemos imediatamente”, afirmou Campos, por e-mail.

Uma família de Mauá ficou sabendo da divulgação das imagens e teme que uma parente morta esteja entre os corpos expostos. “Ninguém nos consultou”, disse um cunhado da mulher. Ela morreu aos 32 anos, em decorrência de meningite.




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