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Mercado freia expansão do gás natural no Grande ABC
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
09/10/2005 | 08:40
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O mercado de GNV (gás natural veicular) enfrenta um período de estrangulamento no Grande ABC. O crescimento da frota consumidora do combustível não acompanha o mesmo ritmo da abertura dos pontos de venda. Atualmente, 33 postos disputam de forma pulverizada a preferência dos proprietários de 25 mil veículos com motores convertidos para gás natural na região, segundo estimativa da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo). Há cinco anos, o único posto fornecedor de GNV da região registrava longas filas.

O descompasso local fica nítido se comparado com o maior mercado consumidor de GNV do país. Atualmente, no Rio de Janeiro, para cada posto há, em média, mil veículos a gás. Líder do ranking de conversões do IPB (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás), o Estado conta com 383,2 mil automóveis a GNV para 387 postos. No Grande ABC, a média é de 750 veículos por posto.

A falta de incentivos à conversão de veículos leves para GNV, a suposta ameaça de desabastecimento por conta de crise política na Bolívia e a ampliação da frota de veículos bicombustível – 65,8% dos carros zero km produzidos no Brasil, atualmente – são apontados como fatores que derrubaram as conversões. No entanto, o mercado ensaia uma recuperação – em agosto, o número de conversões cresceu em relação a julho.

A forte concorrência se reflete no valor do m3 do GNV. Na região, os preços deveriam oscilar entre R$ 1,15 e R$ 1,20, segundo avaliação do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do ABC). O gás natural veicular tem reajuste anual e, em julho, aumentou 9%. Postos da região mantiveram os preços congelados por volta de R$ 1,09.

“Hoje é inviável abrir posto de gás natural no Grande ABC. Os revendedores brigam para sobreviver”, avalia Roberto Rodrigues, assessor do Regran. “O segmento de GNV tem condições para crescer porque o Grande ABC é forte, mas o problema é a falta de estímulos.”

A principal reivindicação do setor são medidas de incentivo para a conversão. No Rio de Janeiro, por exemplo, os condutores com carros movidos a GNV têm o valor do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) abatido em 75%, enquanto em São Paulo a redução é de apenas 25%.

A Comgás também acredita no crescimento do mercado de GNV no Grande ABC. Até 2007, a companhia pretende aumentar a oferta do produto, totalizando 53 postos na região, que consome 4,1 milhões de m³ por mês, o equivalente a 10% do consumo total dos 300 postos da Comgás no Estado.

A empresa argumenta que o aumento da oferta pode incentivar o crescimento das conversões por conta do baixo custo do GNV em relação a outros combustíveis. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo), o preço médio do GNV é de R$ 1,120; o litro do álcool custa R$ 1,272 e o da gasolina, R$ 2,239.

Embora os revendedores reclamem da saturação do mercado regional de GNV, a Comgás não pode impedir a livre oferta de gás natural nos postos da região. Mas, para entrar no segmento, o revendedor tem de investir, em média, R$ 1 milhão. O diretor de Mercados Industrial, Automotivo e Grande Comércio da Comgás, André Araujo, recorda que os consumidores locais enfrentavam longas filas há dois anos para abastecer os veículos com GNV.

Segundo a concessionária, o Grande ABC tem potencial para incrementar o número de consumidores, e a empresa colabora para estimular o crescimento das conversões de veículos para GNV. “Colocamos consultor na Grande São Paulo para trabalhar com frotas de empresas, e temos o Grande ABC como região estratégica. Nosso projeto é também lançar campanha de conscientização sobre os benefícios do gás natural, gerando novas conversões.”




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