O escritório do advogado Roberto Delmanto Júnior ficará encarregado da defesa da ex-secretária de Finanças de Mauá Valdirene Dardin, presa preventivamente desde 30 de setembro acusada de retirar R$ 230 mil de conta da Prefeitura entre 2003 e 2004. A confirmação é do próprio advogado, que assumiu nesta quinta-feira o caso perante o TJ (Tribunal de Justiça) e deve entrar nesta sexta-feira com petição que oficializa o cargo na 6ªVara Criminal de Mauá, onde corre o processo.

No meio jurídico, a família Delmanto é renomada autora de livros. Com freqüência, advogados e juristas do país fundamentam defesas e sentenças em trechos de obras da família. O próprio Delmanto Júnior é autor de vários livros, entre eles "As modalidades de prisão provisória e seu prazo de duração".

Segundo levantamento extraoficial entre advogados, um caso como o de Valdirene não sai por menos de R$ 50 mil em um escritório como o de Delmanto, e há informações de que pode chegar a R$ 100 mil. Os fatores levados em conta para a estimativa são a atual etapa do processo contra a ex-secretária, o grau de repercussão da história e a complexidade do caso.

Procurado pelo Diário, Delmanto Júnior não revela quanto pretende cobrar pela defesa de Valdirene. "Muitos casos eu faço de graça, mas a questão não é essa. Nome não quer dizer preço, temos paixão pela advocacia", declara o advogado. Segundo ele, o contato com seu escritório foi feito "exclusivamente através da família" da ex-secretária, sem revelar nomes de familiares.

Algumas lideranças do PT não vêem com bons olhos a mudança na defesa. Para elas, a contratação de Delmanto pode atrair mais atenção para o caso da ex-secretária, pois o advogado teria "estilo espalhafatoso". Petistas ouvidos pelo Diário garantem que o partido não pagou a defesa de Valdirene. Fontes dizem que a família dela, de classe média alta, dividirá os custos.

Uma fonte revela que a mudança de advogado, quinta até agora, seria porque a família de Valdirene estaria preocupada com a situação dela na cadeia feminina de São Bernardo. A ex-secretária teria dificuldades para dormir na prisão, o que teria levado a família a mudar a defesa. O delegado-titular da cadeia, Kazuyoshi Kawamoto, contesta a versão. "A informação não bate. A cadeia está lotada, mas aonde ela está cabem seguramente seis, sete pessoas."