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Cresce o desemprego na região do Grande ABC
Por Eric Fujita
Marcelo Moreira
Do Diário do Grande ABC
23/06/2005 | 08:11
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Desemprego maior e freio na geração de novos postos de trabalho. A economia do Grande ABC já entrou em desaceleração e o segundo semestre preocupa os setores produtivos regionais.

Os primeiros indícios vieram com os PDVs (Programas de Demissões Voluntárias) da GM (General Motors), Volkswagen e Scania, no final de abril e no mês de maio. Logo em seguida a GM reduziu a produção e a jornada de trabalho em São Caetano e em São José dos Campos por conta da perda de rentabilidade nas exportações devido ao dólar barato.

Depois de chegar em fevereiro ao patamar mais baixo desde 1998 - 15,7% -, a taxa de desemprego no Grande ABC chegou a 17,9%, segundo pesquisa da Fundação Seade e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Isso significa que existiam 233 mil pessoas sem emprego na região, 8 mil a mais do que no mês anterior.

Já o emprego industrial, de acordo com pesquisa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), teve um crescimento 50% menor em maio, na comparação com abril, no Estado de São Paulo. O período janeiro-maio de 2005 criou 11,6% menos vagas do que igual período de 2004 (leia mais em texto nesta página).

Os números do Ciesp são semelhantes aos dos Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, divulgados na semana passada. O estudo apontou uma retração de 47% no ritmo de criação de novos empregos em maio, se comparado a abril. A região também criou somente a metade das vagas industriais surgidas em maio do ano passado.

"A desaceleração econômica é um fato e o primeiro índice que o registrou foi o do emprego. Os juros altos estão inibindo investimentos e o dólar muito barato em relação ao real tira a rentabilidade das exportações", afirmou Boris Tabacof, diretor do Decon (Departamento de Economia) da Fiesp.

O executivo disse que os setores mais afetados, por enquanto, pelo freio na criação de emprego são o têxtil e o couro-calçadista. Em sua opinião, as grandes regiões metropolitanas deverão ser as primeiras a acusar a retração econômica e crê que os PDVs das montadoras do Grande ABC e do Vale do Paraíba são o reflexo disso.

Se na região o desemprego aumentou, na Grande São Paulo como um todo houve estabilidade, segundo o consórcio Fundação Seade/Dieese. A taxa nas 39 cidades da Região Metropolitana de São Paulo foi de 17,5% (1,761 milhão de pessoas sem emprego).

Em números absolutos, houve aumento para mais 8 mil desempregados. A criação de 35 mil postos de trabalho foi insuficiente para absorver as pessoas que entraram no mercado (43 mil).

A estabilidade da taxa no Grande São Paulo não pode ser comemorada, segundo o pesquisador e professor universitário José Pastore, especialista em questões trabalhistas. "A estabilidade é melhor do que o aumento do desemprego, mas o nível ainda está muito alto. Com a perspectiva de o país crescer entre 3% e 3,5% neste ano, não vai conseguir gerar emprego como em 2004, que já não foi uma coisa extraordinária. Não é um dado definitivo para nos animarmos."

Para o coordenador de análise da pesquisa da Fundação Seade/Dieese, Alexandre Loloian, o aumento do número de desempregados pode estar atrelado às incertezas do cenário econômico, que afetam as indústrias, em especial o setor automotivo.

As três pesquisas têm metodologias diferentes. A do Seade/Dieese inclui vários setores econômicos e trabalhadores formais e informais. O Caged e o Ciesp só levam em consideração os empregos com carteira assinada.




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