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Região engatinha na luta anti-racismo
Por Fabrício Calado Moreira
Lucimara Nunes
e Teresa Pimenta
Do Diário do Grande ABC
06/11/2005 | 08:12
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No mês da Consciência Negra, a avaliação entre políticos afrodes-cendentes do Grande ABC ouvidos pelo Diário é de que avançou a discussão sobre a questão racial no país, mas ainda é distante falar em igualdade entre negros e brancos.  Para Dojival Vieira, presidente da ONG ABC Sem Rascimo, a  região tem poucas políticas voltadas para o tema, caminha devagar e ainda está na “pré-história”

Na avaliação da ministra-chefe da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Matilde Ribeiro, a presença do negro na política aumentou, mas está longe do ideal em uma sociedade onde 47% da população é composta por negros. “No Congresso, menos de 5% (dos parlamentares) são negros. O que denota uma distância muito grande entre o que é a população e o que ocorre na política”, declara.

Para a ministra, o fato de haver discussão é importante. “Nas prefeituras do ABC temos registro de coordenadorias voltadas à inclusão do negro. O movimento hip hop, integrado basicamente por afrodescendentes, é fortíssimo em Diadema. A própria medida de tornar o dia 20 de novembro feriado é um símbolo importante que contribui para a discussão do tema”, ressalta.

Matilde Ribeiro afirma que diante da cultura existente no país de ‘invizibilizar’ a presença da população negra, ficou mais difícil identificar e erradicar o racismo. “O processo de conscientização do direito como cidadão, não é nato às pessoas. Nós, negros, somos o tempo todo convidados a ser o mais brancos possível. Por isso temos de debater cada vez mais no sentido de desmascarar esse racismo”, declara. Ela acredita que é preciso despertar a consciência dos próprios negros que ocupam cargos eletivos.

Sem mágoas – Também os políticos negros não estão imunes de situações cons-trangedoras. Assim como há os que dizem não lembrar ou não ter passado por situações de preconceitos, como o prefeito interino de Mauá, Diniz Lopes (PL), e o deputado estadual Donisete Braga (PT), há quem encare situações embaraçosas.

No cargo de vice-prefeito de Diadema, Joel Fonseca (PT) sente as agruras do preconceito. “As pessoas procuram o vice e quando me apresento dizem: ah! é você’, com uma certa surpresa, como se esperassem alguém loiro de olhos azuis.” Para ele, a informação ajuda a combater a mágoa.

“Quando ocupava a Secre-taria de Desenvolvimento Eco-nômico, fui a São Paulo com um assessor, que é japonês, e todo mundo achava que o secretário era ele”, lembra o vereador Paulo Eugênio (PT), de Mauá. 




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