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Sto.André vai investigar sumiço de papéis da CPI
Teresa Pimenta
Do Diário do Grande ABC
01/10/2005 | 07:26
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A Câmara de Santo André vai investigar o desaparecimento de duas páginas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), instalada em 2002, que apurou suposto esquema de propina na cidade para beneficiar campanhas eleitorais do PT. O sumiço foi constatado há cerca de duas semanas e neste sábado deve ser formalizada a instalação de uma comissão de sindicância interna para descobrir o que aconteceu com duas das cerca de 6 mil folhas distribuídas em 23 volumes. Segundo o presidente da Câmara, Luiz Zacarias, não é possível dizer com certeza quais documentos sumiram. "Parece que são folhas que vieram de um cartório", disse.

Zacarias contou que os primeiros boatos sobre manuseio indevido de documentos surgiram após o pedido de afastamento por 45 dias da então diretora administrativa, Cristina Pechtoll, que é também presidente do diretório municipal do PT. "Houve problemas de relacionamento com outros funcionários e ela resolveu pedir licença-prêmio. Logo depois, disseram que ela teria mexido nos documentos". Por conta disso, o presidente resolveu pedir uma verificação e foi descoberta a falta das duas páginas. Cristina nega. "Tirei licença porque tenho direito como funcionária pública e para cuidar de assuntos pessoais", alegou.

Segundo Cristina, que é funcionária de carreira, seu trabalho foi normal até 2 de setembro, quando começou a licença. "Posso até ter mexido nos arquivos da CPI, mas não me lembro. Por conta da minha função, manuseava 30 ou mais processos por dia", disse. A comissão de sindicância é integrada por três funcionários de carreira e não tem prazo para terminar. Somente após a entrega do relatório final serão definidas possíveis punições. "Não podemos acusar agora, sem saber o que aconteceu. Afinal, as folhas podem estar simplesmente fora de lugar", disse o vereador.

Punição - O presidente da Câmara disse que decidiu pedir a sindicância para que não restem dúvidas sobre o assunto. "Mas, se ficar provado que alguém agiu de má-fé, será punido". Além de punição administrativa, que pode chegar à exoneração, os resultados da investigação podem levar a Câmara a encaminhar uma denúncia contra os possíveis envolvidos na Justiça Comum. Embora não se saiba o conteúdo das páginas subtraídas, não há perigo de os arquivos da CPI ficarem incompletos. De acordo com Zacarias, há cópias no Ministério Público e na Procuradoria do Estado que podem ser solicitadas pela Câmara.

Os 23 volumes da CPI são considerados documentos públicos, que podem ser lidos e copiados por vereadores, integrantes e envolvidos na investigação, além de cidadãos comuns. Porém, todos devem protocolar uma solicitação, que registra o dia e o nome de quem manuseou os arquivos, mas não define qual volume foi pesquisado e quais páginas foram copiadas.




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