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Bressane e Reichenbach mostram novos filmes
26/11/2007 | 07:06
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O fim de semana foi dos pesos pesados em Brasília, quando dois veteranos e consagrados diretores apresentaram seus filmes. Julio Bressane mostrou Cleópatra, e Carlos Reichenbach, Falsa Loura. Ambos de mulheres, com duas atrizes deslumbrantes como protagonistas – Alessandra Negrini interpreta a rainha do Egito, e a brasiliense Rosanne Mulholland faz a tal loira do filme de Carlão.

Ambas arrasaram na tela grande do Cine Brasília, mas fazem parte de projetos bem diferentes. E que foram recebidos de maneiras diferentes. Bressane foi acompanhado em silêncio pela maioria do público (uma parte se mandou durante a projeção) e recebeu um misto de aplausos e vaias no fim. Já Carlão foi brindado com aplausos.

Falemos de Cleópatra. Bressane vai agora à lenda, e à iconografia de Cleópatra, quase num trabalho de arqueólogo, trabalhando com restos de informações a respeito da personagem, que vão de Plutarco a Camões, tentando trazer até nós uma Cleópatra latina.

O filme, fotografado por Walter Carvalho, é estruturado como uma série de pinturas, um mosaico. Belíssimo filme, de um dos poucos cineastas brasileiros com estilo.

Se Bressane é erudito, Carlão tenta fazer um cinema que não evita veicular erudição nas frestas do brega aparente.

Rosanne Mulholland é Simara, a operária, falsa loira, que sustenta um pai incendiário e de rosto queimado. Ela vai ao clube, transforma uma coleguinha baranga em deusa da periferia e se envolve com dois ídolos da música popular. E sai queimada.

O filme toma, claro, partido pelas moças, frágeis peças de reposição (de trabalho e sexual) na máquina de moer carne capitalista. Não há discurso sociológico, apenas constatações. E também a celebração de um modo de vida mais autêntico, ainda que difícil.

As mulheres de periferia de Reichenbach sofrem, mas também gozam, riem, se divertem e têm idéias na cabeça. Esse é um cinema libertário.




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