Política Titulo Mário Chekin:
‘Munícipe vai ajudar dinamizar atendimento’, diz Mário Chekin
Júnior Carvalho
Especial para o Diário
20/07/2014 | 07:05
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Com objetivo de humanizar o atendimento nos equipamentos de Saúde, a Prefeitura de São Caetano lançará em agosto o programa Café com Saúde. O projeto fará com que o governo realize encontros mensais nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) durante dois meses.

Em entrevista exclusiva ao Diário, o secretário de Saúde do governo do prefeito Paulo Pinheiro (PMDB), Mário Chekin, revelou detalhes do programa e destrinchou outras metas para o setor.

“É experiência nova que estamos fazendo. Todas as manhãs, duas vezes por semana, tomaremos café com a população. Todas às terças-feiras e quintas-feiras, entre 7h e 9h. Além de você ter o contato com os funcionários, o importante é estar junto da população e ouvir os anseios dos munícipes”, frisou o titular da Pasta.

Chekin destacou ainda que há a possibilidade de aumentar o número de UBSs funcionando até as 21h. Das 14 unidades do município, apenas quatro estendem o expediente após as 17h.

Outra proposta para a Saúde, e que a administração já colocou em vigor, é o programa Conviver Melhor na Quarta Idade, cujo intuito é resgatar a qualidade de vida das pessoas octogenárias. O projeto compreende a formação de cuidadores de idosos e a intervenção do espaço físico onde moram as 5.342 pessoas com mais de 80 anos da cidade.

Chekin discorreu que a capacitação dos cuidadores será feita por meio de convênio com a USCS (Universidade Municipal de São Caetano). Inicialmente, serão 60 vagas disponíveis “Hoje as pessoas não cuidam dos nossos velhos. Se puderem colocar os mais experientes no hospital, os colocam”, analisou o secretário.

A humanização na Saúde é meta prioritária do governo?
Quando nós chegamos na secretaria já existia comitê de organização. Nós tomamos como meta, ao cobrar qualquer profissional, dar no mínimo condição física para trabalhar. Se não existe isso, não tem trabalho. Por incrível que pareça, temos em todos os hospitais espaços ecumênicos de acolhimento para todos os pacientes de todas as religiões, que recorrem à religião para amenizar a dor. Também há frequentes cursos para todos os servidores.

Há algum projeto para pôr isso em prática?
Nós precisamos chegar perto da UBS (Unidade Básica de Saúde). Nossa cidade possui 15 quilômetros quadrados e 14 unidades. É muito aparelho para uma cidade muito pequena. Com isso, nós não conseguimos estar perto da população para ouvir os reclamos e anseios de cada bairro. Para isso, resolvemos criar o Café com Saúde, em que o secretário, o prefeito e toda a sua assessoria irão a esses aparelhos para ouvir o que a população precisa. Iremos apurar se o problema é o atendimento na recepção ou do médico. Acolher essas demandas para quando a gente aumentar a rede, fazer de forma inteligente para que não haja desperdício.

O que pode mudar, em curto prazo, com esse programa?
Poderemos aumentar o número de UBSs que atendem até as 21h. Mas só o faremos se houver a necessidade real de estender o atendimento. O ruim é quando a gente tira um serviço. Porém, em alguns casos, se você pegar a demanda das 17h às 21h, a relação custo-benefício é muito pequena. O brasileiro tem cultura de procurar o pronto-socorro para uma dor de cabeça, por exemplo, mesmo tendo UBS do lado de casa.

Mas o prefeito já possui, por meio de outro programa, esse contato direto com a população...
Sim, mas sinto que eu não consigo alcançar o anseio da população mesmo tendo barraca específica da Saúde nessas atividades, que acolhem demandas pontuais. Demandas mais abrangentes, que são as demandas de bairro, nós só conseguimos detectar se verificarmos o problema in loco. E a melhor forma é chamar os munícipes para comparecer ao café e nos ajudar a dinamizar o atendimento.

E como surgiu a ideia de criar o programa Conviver Melhor?
Pelos dados do Censo 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), são 5.342 pessoas octogenárias (entre 80 e 90 anos) morando em São Caetano atualmente. Aí você analisa qual seria a política pública ideal para acolher esse grupo, cuja tendência é ficar maior com o tempo. Essa ideia surgiu por meio de reuniões que a gente tem feito semanalmente com geriatras, gerontólogos, psicólogos e os próprios octogenários.

Como o programa será aplicado?
Chegamos ao consenso de que precisamos, antes de tudo, lançar curso de cuidador de idosos. Todo idoso precisa de profissional do lado. No grupo dos octogenários, temos três modalidades: o acamado, o cadeirante e aquele que é mais ativo. Então, esse curso fará com que quem esteja acamado tenha vigilância mais próxima por parte do município e que ele vá menos ao hospital. Ao mesmo tempo, todo idoso acima de 80 anos levanta à noite para ir ao banheiro, com isso, o risco de queda é iminente, até por motivos de osteoporose, desgaste de ossos ou fraturas na cabeça de fêmur. Tudo isso leva essas pessoas a serem internadas, passarem por cirurgias e permanecerem na cama. Para que isso não aconteça, temos de intervir dentro da casa do idoso e evitar as quedas.

E como essa intervenção pode ser feita?
Nós vamos intervir no espaço físico da casa de cada idoso. É difícil você ver espaço adaptado aos cadeirantes, por exemplo. Essas intervenções de mobilidade interna serão executadas pela Secretaria de Saúde na casa de todos os idosos da cidade. A maioria dos idosos toma remédios, tem facilidade para perder o equilíbrio, perder o senso de espaço e cair. Eles também têm a vista cansada e enxergam menos. É preciso fazer com que enxerguem melhor e haja iluminação propícia, com sensores de presença, por exemplo. São intervenções simples, como colocar corrimãos, coisas bobas, de custo baixo, mas que são grande artifício para que essas pessoas não vão parar no hospital.

E como será feito o cadastro dessas pessoas?
Estamos fazendo levantamento por meio do PSF (Programa Saúde da Família) para separar esses octogenários. Essa triagem já esta sendo feita. Quando o programa entrar em vigor, já saberemos o número de casas que teremos de intervir, quantos cuidadores vou precisar e qual a renda dessas pessoas. Tudo isso vai ser costurado de forma só. Temos grande preocupação com os octogenários.

Como o sr. enxerga essa articulação junto ao Consórcio Intermunicipal para resgatar o Hospital São Caetano e transformá-lo em equipamento regional?
Quando surgiu a demanda do Hospital São Caetano, fui muito claro no Consórcio. Esse problema era de todo o Grande ABC, não apenas do nosso município. Precisamos desapropriar o terreno e isso custaria R$ 35 milhões, embora conseguimos apelar para chegar a R$ 17 milhões. Só que isso os prefeitos precisam levar à comissão de casos para comprar essa ideia, já que o hospital será regional.

Mas o hospital já não está em funcionamento?
Irresponsavelmente, a administração anterior fez renascer o Hospital São Caetano como grande ambulatório, não como grande hospital. Não temos nenhuma internação lá, nenhuma vigilância especifica. Esvaziaram-se as especialidades médicas que havia na Fundação (do ABC) e as levaram para o local onde encontra-se o hospital. Mas aquilo não é um hospital, mas um ambulatório. Embora pudéssemos contar com recursos do Estado ou da União, não temos dinheiro para desapropriar o terreno.

E como é a captação de recursos por meio dos governos estadual e federal?
Temos boa aceitação por parte do governo do Estado. O Davi (Uip, secretário estadual de Saúde) tem sido cordial, tem cumprido tudo aquilo que estava apalavrado, tanto é que no fim do mês virá para a cidade a Carreta Mulheres de Peito, que ajudará a desafogar a demanda por exames de mamografia na cidade. São Caetano viveu época em que era a princesa dos municípios. A cidade, teoricamente, não precisava de ajuda externa. E hoje não é bem assim. A Saúde é setor tão complexo que você precisa somar esforços.

O sr. pode citar algum auxílio externo que já está garantido ao município?
Há recurso do governo do Estado no valor de R$ 580 mil para a reforma e ampliação do Hospital Infantil Márcia Braido. O valor já foi depositado e falta apenas a Secretaria de Obras (da cidade) abrir a licitação.

A parceria com outros municípios seria alternativa?
Tenho buscado relacionamento com o pessoal de São Bernardo, por exemplo, a ponto de a gente pegar demandas suprimidas que eles tenham e colocar o aparelho de São Caetano à disposição e vice-versa. Isso é necessário para fazer a roda girar. Hoje nós temos centro de excelência em oftalmologia que nenhum outro município do Brasil tem. E São Bernardo apresentou demanda muito suprimida nessa área. Podemos atender essa necessidade deles e, em troca, pedir ajuda em alguma demanda que temos apertada, como a coleta de biópsia de próstata, por exemplo. Eu tenho apenas um aparelho e eles têm três.

Os equipamentos do município são suficientes para atender toda a população e esse pessoal de fora?
São Caetano tinha, segundo o Censo de 2010, 68% das pessoas com planos de saúde. Fizemos levantamento e esse total caiu para 32%. Essa diferença vai parar aonde? No SUS (Sistema Único de Saúde), não tem alternativa. Ou a gente se prepara para receber essa demanda que vem aí ou estamos fadados a entrar no caos. Eu preciso aumentar meu número de leitos de UTIs (Unidade de Terapia Intensiva). Ainda neste ano aumentaremos os leitos, que hoje são dez, para 18 unidades, ganho de 80%.

Há algum projeto de longo prazo para marcar a gestão da Saúde no atual governo?
Existe projeto maravilhoso. É um sonho, mas é viável. Queremos criar núcleo hospitalar onde funciona quadrilátero da Saúde. A intenção é obter, de 2014 a 2022, exatamente 450 leitos, oito centros cirúrgicos, 38 leitos de UTI. Com esse quadro, teremos ganho de qualidade na atenção infantil também. Só para crianças teremos 68 leitos disponíveis, mais 36 no pronto-socorro. Mas para isso é preciso profissionalizar a administração pública. A gestão do recurso público tem de ser muito equilibrada, muito bem pensada.




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