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O que o banana tem?

O protagonista de Diário de Um Banana está longe de ser um herói, mesmo assim, é amado por muitos fãs

Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
02/06/2013 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Gregory Heffley não é corajoso e não tem poderes mágicos. Mete-se num monte de encrencas, mente e, às vezes, trata mal o melhor amigo. Então, o que o torna um dos personagens mais queridos do público infantil? Deve ser o fato de que Greg é um menino comum. Por isso, os leitores veem muitas semelhanças entre as situações pelas quais passam e as vividas pelo protagonista de >Diário de Um Banana.

“Eu me identifico com o Greg principalmente quando ele paga mico, porque sou bem distraída e faço coisas desse tipo”, afirma Isabella Di Giorgio, 10 anos.

Já Isabella Antonialli, 10, e Giovanna Pereira, 10, têm outras características em comum. “Sempre brigo com a Gabriela, minha melhor amiga. E o Greg e o Rowley também”, diz Isabella. “Ele (o protagonista) é bagunceiro como eu”, fala Giovanna, que adora a série: “Não conseguimos parar de ler”.

Superfã dos livros, João Almeida Ferraz, 10, os devora em qualquer tempinho livre, no recreio e até na perua escolar. “Fico tão interessado que leio rápido.” Assim como os colegas, Fernando Homero Rampazo, 10, lembra de detalhes e falas da trama. Seu personagem preferido é Manny, irmão caçula do protagonista. “Ele faz bagunça e coloca culpa no Greg. É engraçado.”

Enzo de Aguiar Bellucci, 10, teve curiosidade em conhecer a obra após ver um garoto lendo. Pesquisou sobre ela na internet e, ao achá-la na livraria, pediu para a mãe comprar. Agora, fica ansioso a cada lançamento. “Banana é ser um cara atrapalhado, que faz algo errado, mas depois se arrepende.”

Saiba mais:

A obra já foi traduzida para 41 línguas. Os sete volumes já venderam cerca de 75 milhões de exemplares no mundo, 2,1 milhões só no Brasil.

Diário de Um Banana: Dias de Cão (2012) foi o terceiro e talvez último filme com

atores reais. Outros longas poderãoser feitos no futuro, mas com elenco diferente. Neste ano deve estrear animação baseada no sexto livro (Casa dos Horrores).

Diário de Um Banana: Segurando Vela (Editora V&R, 224 págs., R$ 34,90) é o sétimo volume da série lançado no Brasil. No livro, Greg e Rowley continuam solteiros. Mas isso não deve durar muito tempo se depender do protagonista. O baile de Dia dos Namorados da escola se aproxima, oportunidade perfeita para Greg colocar um plano em prática e se dar bem. Será?

Como tudo começou?

O sonho de Jeff Kinney era se tornar cartunista de jornal. Não deu certo. E por um tempão o norte-americano acreditou que nada de extraordinário aconteceria em sua vida. Enganou-se. Em 1998, teve a ideia de criar histórias sobre Greg Heffley, um menino que não era perfeito, forte, corajoso ou herói.

Trabalhou por seis anos nelas até colocá-las num site. Fez tanto sucesso que, pouco depois, recebeu convite de uma editora para lançar os livros. O primeiro Diário de Um Banana saiu em 2007 nos Estados Unidos (chegou ao Brasil no ano seguinte). Hoje, são cerca de 75 milhões de exemplares vendidos.

“Nunca achei que meus livros seriam publicados. Achava que eram muito estranhos para isso”, afirma Jeff em entrevista exclusiva ao Diarinho, durante sua passagem pelo País para lançamento do sétimo volume.

Mas o público infantil não era o foco de Jeff. No começo, ele escrevia para os adultos. “Às vezes, esquecemos que as crianças são muito inteligentes. Eu esqueci. Realmente descobri que elas são público mais sofisticado do que imaginei.”

Jeff acha difícil saber ao certo por que sua obra faz tanto sucesso. “Acho que é acessível para as crianças. Abrem meus livros e sentem que não é um desafio, é só para se divertirem.”

Ele já sabia que tem muitos fãs aqui e elogiou: “Admiro os brasileiros e gostei de conhecê-los (na visita ao País). Foram entusiasmados e carinhosos.”

Escrever é sempre um desafio

 

Quem imagina que Jeff senta em frente ao computador de sua casa, no Estado de Massachusetts, Estados Unidos, e cria rapidamente as páginas de Diário de Um Banana está bem enganado. O autor – pai de dois meninos de 7 e 10 anos – garante que escrever para o público infantil é superdifícil. “É sempre um grande esforço conseguir ideias novas.”

Jeff afirma que, com frequência, tem ‘bloqueios’ de escritor (quando não consegue desenvolver as histórias). “Muitas vezes, sento e permaneço por horas, mas nada vem.”

Grande parte dos acontecimentos presentes nos livros é inspirada nas experiências que Jeff viveu na infância, misturadas a coisas criadas pela sua imaginação. Parte dos personagens também tem semelhança com conhecidos, amigos e familiares. O próprio Greg é parecido com o escritor. “Mas ele é uma versão mais exagerada de mim e das minhas piores características”, diz o autor, que confessa ter sido um pouquinho nerd quando era criança.

No passado, ele costumava usar papel e lápis para fazer os desenhos. Agora, prefere o computador e o tablet, no qual desenha diretamente na tela. “É fácil corrigir os erros e fazer ajustes.”

Sem envelhecer

Jeff decidiu que Greg nunca irá crescer. “É um personagem de cartum. Então, não pode envelhecer. Vai manter essa idade para sempre.” O oitavo volume da série será lançado nos Estados Unidos em novembro. E o escritor adiantou sobre o que vai falar: “Será sobre Rowley ter uma namorada e como isso vai afetar a amizade entre Greg e ele.”

E o que Jeff lia na infância? Era fã dos quadrinhos de Carl Barks, criador do Pato Donald e Tio Patinhas. Já entre os autores preferidos estão JRR Tolkien (O Senhor dos Anéis), a norte-americana Judy Blume e o britânico Piers Anthony. 




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