Reformas no sistema viário da capital na divisa com São Caetano poderão facilitar a vida de motoristas que vivem às voltas com o trânsito para entrar e sair da região. As propostas foram discutidas na terça, em reunião entre o subprefeito do Ipiranga, Plínio Xavier de Mendonça Júnior, o secretário das subprefeituras, o tucano Walter Feldmann, e o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB). A revitalização das avenidas Almirante Delamare e Presidente Wilson foi um dos pontos discutidos que beneficiará a região. Ambas as vias são usadas como rotas alternativas por quem tenta fugir do trânsito da avenida do Estado, na capital.

Propostas, elogios mútuos e a ausência de prazos marcaram o encontro desta terça, que foi mais uma investida política do PSDB para ter o prefeito de São Caetano em seus quadros. Um dos planos divulgados pela subprefeitura na reunião foi a de transformar a avenida Presidente Wilson – hoje com trechos paralelepípedo e atolada pelo trânsito de caminhões na divisa com São Caetano – em uma via de alto fluxo de automóveis.

O eixo sairia do bairro da Moóca, passaria por São Caetano, pela avenida Guido Aliberti, e terminaria em São Bernardo, na avenida Lauro Gomes, divisa com a Vila Palmares, em Santo André. “Queremos redistribuir o fluxo, aproveitando o eixo da Presidente Wilson”, afirma o subprefeito do Ipiranga, Xavier de Mendonça. A CET (Companhia de Engenharia e Tráfego), responsável para área de trânsito da capital, não soube informar qual é o atual fluxo de veículos nas avenidas Almirante Delamare e Presidente Wilson.

“Resolver o problema de drenagem e da pista de rolamento da Presidente Wilson fazem parte do rol de prioridades da Prefeitura de São Paulo”, acrescenta o subprefeito. Os planos incluem aumento da altura da ponte das avenidas Almirante Delamare e Presidente Wilson. A medida evitaria alagamentos na divisa das duas cidades, o que é comum naquela região.

Na Almirante Delamare, a subprefeitura também pretende acabar com uma favela que beira a pista. Incentivos imobiliários para a construção de prédios na avenida Presidente Wilson eliminariam o tráfego intenso de caminhões por causa depósitos ao longo da via. “Ainda estamos em fase de estudo, mas essas vantagens são meios de se mudar a natureza das ocupações”, afirma o subprefeito do Ipiranga.

Região – Mesmo ainda no papel, as propostas agradaram a administração de São Caetano. “Acabar com água empoçada nas duas avenidas melhoraria muito o trânsito em São Caetano”, acredita o diretor de Obras da cidade, Júlio Marcucci. As intervenções viárias ocorrerão exatamente onde a Prefeitura de São Caetano fará um viaduto, que ligará a Guido Aliberti à avenida dos Estados, no bairro Fundação.

O assessor da presidência do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Renato Maués, lembra que a construção do viaduto faz parte de um plano discutido na entidade e que o complexo influirá no trânsito de toda a região. “Dentro de 60 dias divulgaremos um diagnóstico onde constarão os problemas de acesso entre as cidades da região e São Paulo”, adianta Maués. O diagnóstico possibilitá a concretização de um plano definitivo para solucionar os problemas de trânsito no Grande ABC.

A proposta mais interessante da Prefeitura da capital sobre a divisa com São Caetano, segundo Maués, diz respeito à avenida Presidente Wilson. “A avenida é uma ótima alternativa que poderá trazer um benefício a toda região. É uma marginal que vira Guido Aliberti, Lauro Gomes e vai para o Centro de São Bernardo.”

Vítimas – Enquanto a discussão política não sai do plano das idéias, quem utiliza as vias de acesso a São Caetano não escapa de problemas reais como enchentes, buracos, irregularidades na pista e até violência. Quem pega a Almirante Delamare em dia chuva corre o risco de ser vítima de um arrastão. Os carros parados são alvos fáceis para criminosos que costumam agir no local.

O vendedor Nelson Vieira, 43 anos, conta que durante os 20 anos que utiliza a avenida Presidente Wilson quem mais sofreu foram seus pneus. “Já tive vários pneus furados nesse período.” Vieira relata que durante a época de chuvas a situação piora. “Os paralelepípedos começam a soltar e fica uma buraqueira só.” O motorista Carlos Nunes, 34, concorda. “Precisaria dar uma geral nessa rua para termos condições de trabalhar”, reclama.

Azar dos motoristas, sorte de quem sobrevive na profissão graças às más condições das vias. O borracheiro Milton Rodrigues, 48, diz que boa parte do que ganha se deve a um grande buraco que existe há mais de um ano na avenida Almirante Delamare. “Todo dia, uns quatro ou cinco furam o pneu nessa cratera”, relata. Rodrigues conta que um motorista mais azarado teve os dois pneus estourados pelo mesmo buraco. “Esse aí tirou foto e mandou um ofício para a Prefeitura.”