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Anvisa aprova uso emergencial das vacinas Coronavac e AstraZeneca

Mônica Calazans (foto) é a primeira brasileira imunizada, Doria chora no ato de aplicação

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
17/01/2021 | 15:39
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Divulgação/Governo do Estado de São Paulo


A área técnica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou neste domingo (17) o uso emergencial da Coronavac, imunizante desenvolvido pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e da vacina do laboratório AstraZeneca desenvolvida com a Universidade de Oxford.
Meiruze Freitas, diretora do órgão regulador, afirmou que a decisão vale após publicação do termo de compromisso e "subsequente publicação de seu extrato" no DOU (Diário Oficial da União). O uso emergencial dos imunizantes foi aprovado após voto à favor de Meiruze, do diretor Romilson Mota e do diretor Alex Machado Campos, que formaram maioria simples.
A agência marcou para dia 25 inspeção de "boas práticas clínicas" com intuito de avaliar dados pendentes sobre o imunizante chinês. E disse que a decisão do uso das duas vacinas vai se basear em pareceres de áreas técnicas e que serão usadas de preferência em programas de saúde pública.

PRIMEIRA VACINADA

Mônica Calazans, 54 anos, negra e enfermeira da linha de frente ao enfrentamento da Covid-19, moradora da Zona Leste e que trabalha no Hospital Emílio Ribas, na Capital, no qual atua na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da unidade, é a primeira brasileira a tomar a vacina Coronavac, aprovada neste domingo pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Presente ao ato, no Hospital das Clínicas, o governador do Estado de São Paulo, João Doria, chorou ao abraçar a enfermeira

A enfermeira tem perfil de alto risco para complicações da Covid-19: é obesa, hipertensa e diabética. Em maio, quando a pandemia atingia alguns de seus maiores picos, se inscreveu para vagas de CTD (Contrato por Tempo Determinado) e, dentre vários hospitais, escolheu trabalhar no Emílio Ribas, mesmo ciente de que a unidade estaria no epicentro do combate à pandemia. Segundo ela, a vocação falou mais alto. 


Mulher de muitos recomeços, Mônica atuou como auxiliar de enfermagem durante 26 anos e resolveu fazer faculdade já numa fase mais madura. O diploma veio aos 47. “Quem cuida do outro tem que ter determinação e não pode ter medo. É lógico que eu tenho me cuidado muito a pandemia toda. Preciso estar saudável para poder me dedicar. Quem tem um dom de cuidar do outro sabe sentir a dor do outro e jamais o abandona,” disse Mônica. 


A enfermeira, que é viúva e mora com o filho Felipe, 30 anos, conta que é minuciosa nos cuidados de higiene e distanciamento no trabalho e quando chega em casa. Aos dez meses na linha de frente, nem ela, nem o filho se infectaram com a covid-19. Outro forte motivo para tenta se proteger é o cuidado e ajuda à mãe, uma senhora de 72 anos, que vive sozinha em outra casa e que também não foi infectada. 


Mesmo assim, sentiu a covid-19 chegar bem perto quando teve o irmão caçula, auxiliar de enfermagem de 44 anos, internado por 20 dias com a doença.
Apesar da rotina intensa e puxada, com o trabalho cada vez mais volumoso nos seus plantões de 12h, ela tenta manter o discurso sempre otimista e o equilíbrio emocional aproveitando os momentos de folga para assistir a séries, jogos do Corinthians (de quem é torcedora fiel) e ouvir Seu Jorge, o músico favorito. É na fé e na religiosidade, no entanto, que também se apega para se sentir mais confiante. Todos os dias reza por ela, pelos familiares, mas também por todos os colegas do trabalho e até pelos pacientes. “Eu tenho em mente sempre que não posso me abater porque os pacientes precisam de mim, por isso tenho sempre uma palavra de positividade e de que vamos sair dessa situação. O que me ajuda também é o prazer que sinto com o meu trabalho”, afirma a enfermeira. 


Mônica confessa que os piores momentos são sempre quando sente que o SUS (Sistema Único de Saúde) está operando no limite. Otimista com a vacina, ela acredita que a imunização será essencial para que os brasileiros possam voltar a ter uma vida normal. 




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