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Taekwondo de São Caetano cria método de treino virtual

Tecnologia simula movimentos de adversários e contribui para atividades de dupla que vai para os Jogos Olímpicos-2021

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
01/08/2020 | 00:55
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Se os Jogos Olímpicos de Tóquio não tivessem sido adiados para 2021, os taekwondistas Ícaro Miguel e Milena Titoneli, da equipe Two Brothers Team, de São Caetano, entrariam no tatame entre quarta-feira e sábado. Porém, a pandemia do novo coronavírus não só postergou a Olimpíada e demais competições como fechou centros de treinamentos, limitando até mesmo as atividades corpo a corpo. Entretanto, a equipe – que está isolada em uma chácara no Interior – encontrou solução tecnológica para manter os combates em dia: um simulador de lutas que, através de um óculos de realidade virtual, projeta possíveis adversários que a dupla vai ter pela frente na luta por uma medalha olímpica.

“Desenvolvemos projeto que simula adversários que a gente possivelmente pode encontrar na Olimpíada. Catalogamos os movimentos deles e transferimos para a realidade virtual. Estamos aperfeiçoando, mas acredito que será tendência no futuro treinar desta forma”, explica o treinador da Seleção Brasileira e da equipe são-caetanense, Reginaldo dos Santos. “Nos baseamos no trabalho que é feito na Fórmula 1. Tem simuladores virtuais onde pilotos trabalham e tivemos ideia de trazer isso para o taekwondo. Ideia é simular luta mesmo, os rounds”, completa.

De acordo com a Prefeitura de São Caetano, a Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude firmou parceria com a Infinite Foundry para que fosse implementada a tecnologia, a qual é explicada pelo presidente da empresa, Bruno Campos Eisinger. “Basicamente, a solução que tivemos em parceria com a Two Brothers Team foi a utilização de um motion capture (mocap), que é um traje muito utilizado na área cinematográfica. Ele possui uma série de sensores em todo o corpo do atleta e nós o utilizamos acoplado com óculos de realidade virtual. Foi desenvolvida uma integração entre estes dois sistemas, possibilitando a gravação dos movimentos do adversário real, já que absorvemos todo o trabalho da Two Brothers Team em gravações de lutas. Assim podemos reproduzir todas as sequências de golpes dos adversários e usarmos este mesmo mocap para que o atleta nosso, por exemplo o Ícaro, entre num ambiente imersivo e realize um combate tático contra este simulador desenvolvido. É a mesma tecnologia que já utilizamos nos trabalhos desenvolvidos na indústria 4.0, principalmente para montadoras”, compara. É possível fazer treinos táticos, de cognição e de tomada de decisão, “para potencializar o crescimento dos atletas”, complementa Bruno Eisinger.

Líder do ranking mundial na categoria até 87 kg, Ícaro exaltou a solução como uma possibilidade de manter as atividades em alto nível. E, segundo ele, tal situação coloca ele e a colega à frente para quando as competições forem restabelecidas. “Por causa da pandemia, nós, atletas, acabamos não tendo muitas opções de treinamentos, já que o taekwondo é um esporte de contato e não é possível ter aglomerações. Por isso, com essa tecnologia criada pela nossa equipe com parceria com a Infinite Foundry eu consigo simular vários adversários de características diferentes, que porventura eu possa vir a enfrentar em Tóquio. É algo que nós estamos revolucionando e nos dará uma vantagem gigantesca para os eventos que virão e, sem dúvida, na Olimpíada de Tóquio”, diz o taekwondista.

Milena Titoneli, por sua vez, teve discurso similar ao do colega. “O uso do simulador tem nos trazido muitos benefícios. Como a pandemia acabou adiando nossas competições, tivemos de nos adaptar. Como o próprio nome diz, a ideia é simular nossos adversários, uma luta, e podemos vivenciar uma competição, além de conseguirmos fazer treinos de reação de diferentes formas e diferentes níveis. Está ajudando bastante para a gente chegar nas próximas competições na melhor forma possível”, declara ela, classificada na categoria até 67 kg. 




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