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Lula promete ao neto que vai provar sua inocência

Ex-presidente deixou temporariamente a prisão, em Curitiba, para se despedir de Arthur, que morreu vítima de meningite

Júnior Carvalho
do dgabc.com.br
03/03/2019 | 07:00
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Júnior Carvalho/DGAB


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ontem no velório do neto Arthur Araújo Lula da Silva, 7 anos, que provará ao garoto sua inocência. Preso há quase um ano, o petista foi liberado temporariamente pela Justiça para se despedir da criança, que morreu na sexta-feira vítima de meningite meningocócica.

Sob forte esquema de segurança, o velório e a cerimônia de cremação do corpo de Arthur, que ocorreram no Cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo, foram reservados a familiares e políticos próximos de Lula. Segundo relatos da assessoria do ex-presidente, divulgados no site oficial do petista, Lula disse ao neto que quando se encontrarem no céu vai “levar o diploma de inocente”, por todo o bullying que Arthur sofreu na escola pelo avô preso. Ainda de acordo com a assessoria do petista, Lula chorou muito e teve dificuldade de conversar com parentes e amigos.

O ex-presidente deixou a sede da Polícia Federal, em Curitiba (Paraná), por volta das 7h, em helicóptero e, pouco depois, embarcou em avião oficial do governo do Paraná. O ex-presidente desembarcou no aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da Capital, em torno de 8h30, e seguiu, novamente de helicóptero, em direção a São Bernardo. Ele chegou no cemitério por volta das 11h e permaneceu por cerca de duas horas no local. Às 13h, o ex-presidente deixou a capela. Cercado de militares – alguns munidos de fuzil – e de agentes da Polícia Federal, e visivelmente abalado, Lula acenou rapidamente aos militantes do PT e apoiadores que aguardavam no local (leia mais abaixo) antes de entrar no carro. Dali, seguiu em direção a Congonhas, onde embarcou de volta para a prisão. O ex-presidente chegou na carceragem da PF, em solo paranaense, às 15h45.

Além de familiares e amigos próximos ao ex-presidente, apenas integrantes da nata do petismo, como a ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016) e o ex-prefeito paulistano e ex-presidenciável Fernando Haddad, e de lideranças de partidos aliados, como Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), puderam acompanhar de perto o velório.

VIGILÂNCIA
O aparato de segurança, dentro e fora do cemitério, era forte. O entorno da capela aonde ocorria a despedida, já dentro do cemitério, estava cercado de PMs (Policiais Militares) e um gradil delimitava o espaço por onde Lula iria passar. Como a decisão da juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, o impedia de realizar discursos em público, Lula não falou à militância, apenas fez breve desabafo no velório.

O ex-presidente chegou a cumprimentar alguns apoiadores que o aguardavam do lado de fora. Quando o veículo levando Lula deixou o local, várias pessoas choraram.

Militantes se aglomeram para ver ex-presidente

Centenas de militantes do PT de várias regiões do Estado e apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram ao velório do sexto neto do ex-presidente, Arthur Araújo Lula da Silva, 7 anos, e se aglomeraram na entrada e até dentro do Cemitério Jardim da Colina, na esperança de ver o petista e ouvi-lo discursar.

Lula está preso desde abril de 2018. Ele foi condenado em duas instâncias, a 12 anos de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá.

A entrada principal do cemitério estava fechada para o público, mas, por volta das 11h30, alguns apoiadores que aguardavam no portão foram autorizados a entrar. A presença na capela onde ocorria a cerimônia, no entanto, foi proibida. A imprensa também não foi autorizada a entrar. A equipe de reportagem do Diário conseguiu acessar as dependências do cemitério, onde simpatizantes anônimos se misturavam com lideranças do partido, como o ex-deputado federal José Genoino.

Dentro do cemitério, apoiadores cantavam o refrão de Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores, clássica canção de Geraldo Vandré marcada como protesto à ditadura militar. Também se manifestavam aos gritos de “Lula livre” e “queremos ver o Lula”. Por volta das 12h, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, fez breve pronunciamento e pediu compreensão e silêncio. “O presidente saiu (da prisão) com a condição de não falar nada e ter de ficar em local fechado”, disse, ao lado da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

“Vim dar apoio, porque ele (Lula) tem que saber que a gente está com ele. É uma tristeza tão grande ele ter que passar por isso, sair da prisão só para vir ao velório do neto”, lamentou a pesquisadora Irene Oliveira, 55, militante do PT paulistano.

Petista recebe ligação de Gilmar Mendes

Enquanto estava no velório do neto Arhur Araújo Lula da Silva, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu telefonema do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que prestou condolências pelo ocorrido, segundo informou o jornal Folha de S.Paulo. De acordo com a publicação, Lula chorou ao falar com Mendes, que também teria se emocionado. “Estamos rezando por você. Que você tenha força”, teria dito o ministro a Lula.

O jornal O Globo informou que a ligação do magistrado foi para o celular de Gilberto Carvalho, que foi chefe da Secretaria-Geral da Presidência no governo Lula, que também estava no velório.

INCÔMODO
A Polícia Militar de São Paulo fez esquema especial de segurança antes da chegada do ex-presidente ao velório do neto. Ao todo, seis PMs armados estavam na capela onde o corpo do menino foi velado. Além disso, cerca de dez viaturas estavam no entorno do local e uma barreira feita na entrada do cemitério causou incômodo à família de Lula.

Entraram seis PMs armados na capela. O deputado estadual Emídio de Souza e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, conversaram com o comando da Polícia Militar no local pedindo que os agentes fossem menos ostensivos e reclamando de exageros na operação. O comandante da PM afirmou que o combinado era que apenas familiares e amigos da família participariam da cerimônia. (com Estadão Conteúdo) 




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